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Governo dos EUA convida, cobra, e recebe negativa das teles brasileiras para tratar de 5G

As quatro operadoras, por intermédio da Conexis, argumentaram que a maioria tem capital aberto e compromissos com os acionistas e público; que o debate sobre a 5G está sendo tratado pelo governo federal; e que os executivos evitam reuniões presenciais devido ao Covid-19.
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O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, e o Cônsul Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Adam Shub, convidaram, há cerca de cinco dias os presidentes das quatro maiores operadoras de celular do país – Claro, Oi, TIM e Vivo- para um encontro nessa segunda-feira,dia 9, com o secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, Keith Krach, para debater ” o cenário atual das telecomunicações e 5G e suas perspectivas de curto e médio prazo”. Conforme publicou hoje, 6, o jornal Folha de S.Paulo, e confirmado por este portal, que teve acesso aos documentos, as operadoras declinaram do convite.

Antes de receber a negativa, feita pela Conexis, entidade que representa as quatro grandes, a embaixada chegou a mandar um novo ofício questionando “se existe algum posicionamento quanto à participação no referido evento”.

A Conexis respondeu que os dirigentes das operadoras não poderiam participar por três razões:

  • o tema da discussão está sendo tratado pelo governo brasileiro e em fóruns públicos
  • várias empresas são companhias de capital aberto , com compromissos de transparência junto aos acionistas e sociedade em geral
  • os representantes das empresas têm evitado reuniões presenciais em razão da pandemia do Covid-19 no país, que ainda demanda cuidados

Os presidentes das três operadoras de capital aberto (à exceção da Claro) já se manifestaram diferentes vezes as suas preocupações com uma proposta de banimento da Huawei do Brasil. A última intervenção ocorreu esta semana, com a apresentação dos resultados da TIM, quando o CEO, Pietro Labriola, disse não acreditar que poderia haver uma intervenção retroativa nas redes de telecomunicações brasileiras.

Pragmaticamente, as operadoras brasileiras têm uma grande base instalada de equipamentos da fabricante chinesa nas tecnologias 3G e 4G. Já fizeram as contas e sabem que sem esse fornecedor para a 5G, os equipamentos poderão subir pelo menos 40%. E o aceno de US$ 1 bilhão de financiamento dos EUA não é nem considerado, tendo em vista o montante muito maior de recursos  estimado para a  implementação da nova tecnologia móvel no Brasil.

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, travaram reuniões com Chapman (que fala um português perfeito) sobre o mesmo tema e tiveram que reagir severamente às acusações do embaixador sobre os riscos da espionagem chinesa nas redes brasileiras. Os parlamentares afirmaram que, se houver qualquer prova sobre essa acusação, que ela seja apresentada. Ainda aguardam.

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