Globo tem dois pilotos para distribuição de conteúdo via ISP

Com crescimento de 113% sobre o ano passado na plataforma Globopay, empresa busca negócios que lhe garantam escala na aquisição de clientes

A Globo está conduzindo dois pilotos, um no Nordeste e outro no Sudeste, para a distribuição de conteúdo de streaming com ISPs. A empresa ainda não fechou um modelo de negócios para essa área, mas recomenda que os provedores regionais adotem uma postura mais aberta para esse tipo de acordo.

Como lembra Marcelo Bechara, diretor de Relações Institucionais e Regulações de Mídia do grupo, enquanto essas negociações B2B transcorrem, o mercado B2C, com vendas diretas ao consumidor, está em ritmo acelerado e pode se tornar mais atrativo.

O executivo ressaltou que como maior grupo de mídia da América Latina, a Globo passou por uma transformação nos últimos anos e hoje tem o Globoplay como seu produto mais completo, com canais on demand e lineares. Em cinco meses, ele cresceu 113 % sobre 2020 e superou todas as metas. Para isso, o Big Brother Brasil foi essencial, mas as novelas clássicas que entram na grade da plataforma também tem rendido boa audiência, além de filmes, citando como exemplo a recém entrada de alguns nomes importantes como Central do Brasil e Deus e o Diabo na Terra do Sol, shows e outras ofertas exclusivas.

Ele ressaltou que a empresa tem carregamento de vários sinais em suas afiliadas e algumas delas atuam como parceira respondendo pelo CDN (Content Delivery Network) junto com o grupo.

Essa é uma fórmula que também está sendo testada com os dois grandes ISPs há dois meses. “Enxergamos como essencial o CDN e acreditamos que os provedores não podem manter uma atitude semelhante à jurássica e tradicional, que predominava na relação com as teles”,  disse.

Na sua avaliação, os ISPs precisam mergulhar na experiência do usuário, com respostas rápidas como as que são dadas nos aplicativos de conteúdo, por exemplo, sendo o facilitador para esse usuário. O importante é todos os players ganharem dinheiro. O que ainda não está claro, e por isso os modelos de negócios estão sendo testados.

“Estamos testando billing, qualidade de entrega do conteúdo, atendimento, CDN, a questão dos dados. Queremos estabelecer um modelo, mas é preciso haver parceria para isso”, completou.

Bechara também adverte que é preciso haver escala nesse processo, não fazendo sentido fechar acordos um por um com os ISPs. Para isso, ele sugere que os provedores se juntem e criem uma espécie de marketplace de atacado, que permitam compras dos OTTs pelo consumidor.

Mesmo porque para a Globo a situação está confortável nas contratações diretas pelo consumidor, através das lojas de aplicativos atuais. “Queremos ganhar junto mas é preciso que nesse processo haja escala e parceria”, finalizou.

O executivo participou hoje do painel “Muito mais conteúdo para os ISPs”, no Inovatic 2021 realizado pela Bit Social e pela Momento Editorial. O evento segue até amanhã.

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Wanise Ferreira

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