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Garantia de isonomia fez “explodir” número de potenciais clientes da Infraco

Rogério Takayanagi, diretor de estratégia e transformação da Oi, diz que sem o controle, a Clientco, braço de varejo da Oi, não poderá interferir a ponto de criar assimetrias nas negociações de contratos da Infraco com outros clientes

O diretor de estratégia e transformação da Oi, Rogério Takayanagi, contou hoje, 2, em live realizada pelo Tele.Síntese, que a quantidade de potenciais clientes da empresa de infraestrutura óptica da Oi saltou depois que a empresa decidiu vender o controle da unidade que será criada e garantir tratamento isonômicos entre os potenciais clientes.

“No momento em que a gente anunciou essa mudança de forma de trabalho, o volume de interessados em serem empresas clientes da Infraco explodiu”, afirmou.

A Infraco tem por meta ser a maior operadora de rede neutra do país, vendendo não apenas o trânsito de dados no atacado, como também o acesso FTTH. O projeto é ambicioso, e para se concretizar prevê a implantação de fibra óptica em um ritmo sem paralelo no mundo, com exceção da China.

Segundo Takayanagi, para a iniciativa prosperar, é imprescindível que a rede neutra não tenha como controlador um varejista de telecomunicação, uma vez que abre desconfiança sobre o equilíbrio da oferta para rivais. “A lógica que funciona na rede neutra é a venda do controle. Não pode ser o controlador dono do varejo. Ele precisa ter todo interesse em valorizar a infraestrutura, ocupando com a maior quantidade de players”, diz.

No Brasil, outras empresas apostam no modelo. A American Tower se coloca como ofertante de rede neutra, enquanto Vivo e TIM estão em busca de sócios para lançar iniciativas semelhantes.

Governança separada

Takayanagi contou que a Oi deixou claro ao mercado que a Infraco vai segregar sua governança, ficando imune à Clientco, o braço de varejo que vai restar após a venda da Infraco pela Oi.

“No momento que uma empresa de infraestrutura está vendendo acesso de qualidade, consegue ocupar essa infraestrutura. Mas ou você trata todo mundo de forma não discriminatória, ou não vai ter ninguém com interesse em entrar. Se tratar a Oi de uma forma diferente da que trata um segundo cliente, o segundo cliente não vem. Esse detalhe é fundamental para ter a rede neutra”, reforçou.

Takayangi também disse que redes construídas por encomenda pela Infraco deverão ser disponibilizadas para todos, justamente para evitar tratamento diferenciado. “Quem contratar tem que entender que a infraestrutura construída poderá ser alugada também para outros”.

Para o executivo, as operadoras de telecomunicações vão se diferenciar cada vez mais pelo conteúdo que são capazes de ofertar com seus serviços, enquanto a infraestrutura já estará feita por um operador neutro, o que desonera investimentos e redundâncias.

Regulação

Takayanagi participou de um painel com Abraão Balbino, superintendente de competição da Anatel, e Rogério Leite, consultor da Advisia. Em pauta, as mudanças no mercado provocadas pela consolidação de mercado – como a venda de ativos da Oi Móvel e fixa.

Embora Balbino tenha reforçado que não vê qualquer empecilho regulatório para o surgimento de operadores neutros de rede fixa e de rede móvel, Takayanagi ressaltou que a agência está diante da possibilidade de, com uma decisão, moldar o setor de telecomunicações pelos próximos 10 a 15 anos.

“O Brasil está indo numa direção de buscar essa sinergia das redes neutras. Duas décadas atrás houve uma discussão mais regulada em torno do unbundling, agora isso vem mais do mercado. Tanto lá, como agora, trabalhamos em torno de evitar desperdícios. E a Oi entendeu que há oportunidade em construir a maior rede neutra do país. Aumenta o nível de investimento, dá competitividade para o setor e, ao mesmo tempo, bom retorno para os investidores”, falou.

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