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Fundos apostam que não vão faltar recursos para entrantes no 5G

"A gente tem um ambiente regulatório pró-investimentos, do ponto de vista de competição, há uma racionalização, muita conectividade e aplicações upside para o 5G, mas principalmente uma racionalização de investimentos”, disse Maria Tereza Azevedo, analista do Santander.

O Brasil é muito grande e cabe mais operadores no setor de telecomunicações, há demanda crescente por conectividade, mas ninguém quer pagar mais por isso e os investimentos previstos para o 5G são altos e o retorno não vem antes de três a cinco anos. Esses são os desafios que os fundos de investimentos, de infraestrutura e de tecnologia precisam superar para ter participação no leilão da nova tecnologia. Mas todos estão otimistas. 

Maria Tereza Azevedo, analista do Santander, acredita que há uma complementariedade nos investimentos dos fundos na implantação do 5G. Segundo ela, as grandes operadoras sozinhas não são suficientes para cobri todo o país. Para ela, compartilhamento e operação de redes neutras serão necessários para o avanço da nova tecnologia. E, afirma, a rede standalone facilita isso. Ela acredita que existe capital de sobre para investimentos nesse setor. Caso optem por esse modelo, as grandes teles poderão implantar o 5G sem aumentar os investimentos anuais. 

A analista afirma que há uma visão de investimento muito positiva para o setor de tecnologia de uma forma geral. “Para estruturar o setor hoje tem um alinhamento de estrelas que nunca foi visto, a gente tem um ambiente regulatório pró-investimentos, do ponto de vista de competição, há uma racionalização, muita conectividade e aplicações upside péra o 5G, mas principalmente uma racionalização de investimentos”, disse. 

Para ela, compartilhamento de infraestrutura e a redução do custo de investimento das operadoras, resulta em um ambiente propício para novos entrantes, alguns challengers que chegam com estrutura de capital e com custos de criação de novas redes mais competitivos, como fundos de infraestruturas, privaty equity muito interessados em dar acesso a capital para os pequenos provedores e tem visto uma ação combinatória muito forte entre esses provedores. E o retorno para os investidores muito mais rápido. 

Beleza do negócio 

Felipe Matsunaga, da EB Capital, o fundo ainda não tem uma resposta firme sobre sua participação no leilão do 5G, mas que tem uma rede de transporte e de acesso significativa que garantirá a participação da empresa nesse mercado. mas acredita que há espaço para massificar a banda larga com serviços de qualidade pelos operadores regionais. Ele citou o exemplo da Sumicity, provedor adquirido pelo fundo que oferece na cidade de Carmo, interior do Rio de Janeiro e com 20 mil habitantes tem uma banda larga melhor do que ele tem em São Paulo. “Essa é a beleza do negócio”, disse. 

Para Matsuana, conquistar o Brasil inteiro não poderá sem a participação dos provedores regionais, que atuam nas cidades de menores portes. “Tem espaço para todo mundo se o capex parar de crescer, passa a ser um business altamente rentável”, avalia. É o que acontece com os ISPs regionais que trabalham só para atender o atacado e que fazem um trabalho muito bom. “Mas ainda carece um pouco de profissionalização”, destaca. 

Custo de entrada 

Tarcísio Ribeiro, do Facebook, diz que o objetivo da empresa é reduzir o custo da entrada e equacionar a operação e essa atuação vale para pequenas ou grandes operadoras. Ele cita que a companhia trabalha com a Hughes para levar a tecnologia WiFi em lugares remotos, mas aposta na Brisanet, que leva a fibra óptica para cidade grandes e pequenas, onde o retorno econômico é muito pequeno. “Nossa intenção é desenvolver o core, que é muito difícil para empresas de menor porte. “Depois eles podem desenvolver soluções de customização”, disse. 

Ribeiro tem uma visão otimista da conectividade no país. Segundo ele, 95% da população é atendida pela rede móvel e o ambiente regulatório favorece o surgimento de ISPs e já existem 10 mil empresas que conectam milhares de cidades. “Se você olhar a conectividade no Brasil vai ver que é muito melhor que a de outros países, a latência, por exemplo, é menor que nos Estados Unidos”, disse. 

O representante do Facebook diz que empresa desenvolve soluções sem visar lucro e uma delas em vista é o barateamento da CPE para oferta de banda larga fixa por meio do 5G (FWA). Ele acredita que o crescimento da demanda por CPE do 5G vai reduzir o custo mais rapidamente do que aconteceu no 4G. Ribeiro entende que a construção de rede será de forma não linear e que a competição se dará nos serviços. 

Capex 

Luiz Minoru, da Highline, que tem uma proposta de lançar uma rede neutra do 5G, também espera mais definições dos competidores e do Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda está analisando o edital do leilão de espectro para a nova tecnologia. Essa demora, diz ele, é boa para a empresa, que tem mais tempo para estudar sua proposta. De pronto ele afirma que a empresa de torres não tem interesse de explorar o cliente final. 

“Para ser um operador neutro, a gente precisa atender um máximo de players que vão atender o consumidor final, então estamos falando com as grandes operadoras, PPPs e uma série de novos entrantes”, disse. Minoru afirma que o 5G vai abrir uma nova camada de inovação e muitos atores que hoje não participam desse ecossistema, terão benefícios dessa nova tecnologia móvel. “Existem formas diferentes de atuar em diversas áreas do país, o que vai promover a democratização do acesso”, disse. 

O representante da Highline lembra que o investimento necessário para o 5G é de bilhões de reais, seja dos lotes nacionais ou regionais, e esse é um desafio enorme não só para os entrantes, mas para as empresas do setor perante o retorno que hoje é vislumbrado. Mesmo não sendo um leilão não arrecadatório. 

“É preciso dividir o país em áreas urbanas, áreas rurais, e definir formas diferentes de atendimento e a gente sabe que o importante é fazer uma democratização dos serviços digitais”, disse. Uma rede única de qualidade pode atender a todos os atores, que não precisarão de fazer o capex, que ficará por nossa conta. 

Segundo Minoru, o compartilhamento e o planejamento serão necessários porque a cobertura deixará de ser um diferencial competitivo em pouco tempo e só as aplicações farão a diferença. 

O debate fez parte do evento promovido pelo Teletime, nesta terça-feira, 25. 

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