Fontes de financiamento para tecnologia no agro podem ser inovadoras

Líder dos ruralistas no Congresso, deputado Alceu Moreira sugere novos modelos, como condomínios com capital aberto para investidores

A necessidade de encontrar espaços dentro das estruturas de financiamento para a inovação no agro é um tema que vem ganhando bastante espaço, inclusive reforçando a necessidade de políticas públicas com o uso do Fust, por exemplo. Mas também é possível inovar na busca desses recursos, como sugere o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária). deputado Alceu Moreira.

Entre suas ideias, que surpreendeu participantes do painel “As Novas Políticas Públicas e de Financiamento da Inovação no Campo), durante o Agrotic 2020, está a criação de condomínios entre os produtores de uma determinada área que sejam abertos para investidores com promessa de rendimentos durante um certo prazo.

“Quando nós tratamos de tecnologia, conectividade, como se fosse o equipamento seletivo para ser adquirido como status social, fica caro. Esse conceito tem de ser modificado, eles são equipamentos vitais, não é requinte”, observou. Em relação ao condomínio, ele exemplificou com um possível grupo de 40 produtores que precisam comprar uma solução tecnológica de IoT para suas propriedades.

“Custa quanto? Isso vai gerar um arranjo de negócios, os produtores não têm recursos porque a amortização vai ficar muito longa e então eles criam um condomínio e abrem o capital estabelecendo o valor de cada cota. Os resultados com o uso da tecnologia são quantificados, o potencial de produção é determinado, e é possível fazer a valorização de quanto vai remunerar o investidor por ano”, ressaltou.

Octaciano Neto, parceiro de agronegócios no EloGroup, considera que as parcerias público-privadas poderiam ser também uma alternativa de financiamento. Ele relembrou a iniciativa tomada há alguns anos pelo governo do Espírito Santo, do qual fez parte, para ampliar a cobertura móvel em determinadas áreas. Foi aberta uma concorrência, vencida pela Vivo, que a partir de cada uma das 100 antenas que seriam instaladas receberia um crédito de ICMS.

Giovana Araújo, sócia-líder de Agronegócios da KPMG considera que estamos em um boa hora para idéias criativas que permitam estender a conectividade no campo. “Estamos em um momento de grande migração de fluxo de renda fixa para variável, juros baixos e apetite para riscos”, observou.

A questão de políticas públicas, incluindo o uso do Fust, também foi lembrada pelos executivos. “Essa é uma das grandes apostas, com recursos de R$ 1,5 a 2 bilhões por ano e com três formas potenciais de utilização, a fundo perdido, linhas de financiamento ou fundo garantidor”, ressaltou.

Daniela Martins, gerente de Relações Institucionais e Governamentais do SindTelebrasil lembra que as empresas de telecomunicações têm um grande problema tributário a ser resolvido antes que possam ampliar investimentos. E isso envolve também uma ferramenta importantíssima para o agro que é IoT. “A tributação dos dispositivos de IoT hoje é inviável porque ela supera a rentabilidade desses equipamentos”, ressaltou.

Mas ele lembra que não é só a tributação de IoT que merece destaque mas também como será o encaminhamento da reforma tributária. “Hoje o setor de telecom brasileiro é o mais tributado dos 15 maiores mercados mundiais e a gente falar de expansão do serviço de forma robusta passa por essa discussão”, observou.

Os três executivos e o deputado participaram hoje do painel As Novas Políticas Públicas e de Financiamento da Inovação no Campo, do Agrotic 2020 que é promovido pela Momento Editorial em parceria com a EsalqTec.

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Wanise Ferreira

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