Ferreira: ESG, um propósito essencial para o mercado de telecomunicações

Um estudo de 2022 da consultoria PWC indicou que 65% dos investidores defendem uma política de investimento responsável e 56% deles já recusaram acordos de parceria ou de investimento por falta de iniciativas aderentes à prática ESG.

fabiano ferreira

*Por Fabiano Ferreira – Ainda na adolescência, um dos meus primeiros trabalhos se resumia a contar o fluxo de veículos que passavam pelas ruas de Porto Alegre, cidade onde cresci. Apesar de operacional e muito específica, a atividade de contabilizar carros trouxe uma das lições mais importantes para a minha carreira e que me guiaria até aqui: a importância do propósito em toda e qualquer profissão. O que está por trás de determinadas atividades, qual é o objetivo de atividades específicas e o impacto que elas podem causar?

Quase 20 anos mais tarde, depois de ter passado por gigantes do setor de telecomunicações, eu fui convidado para liderar a criação de uma nova empresa. Os conselheiros convocados para o projeto tinham o mesmo olhar: uma empresa só se sustentaria se junto com ela fosse construído um propósito. O conceito de propósito que surgiu na contagem de carros, no trabalho da minha juventude, nunca havia feito tanto sentido, então.

Apesar de ter surgido em 2004, o termo ESG – baseado no Pacto Global que desencadeou a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU) – tornou-se pauta frequente nas mesas de reuniões de grandes empresas e do mercado financeiro apenas em 2020, quando a pandemia forçou as organizações a olharem para dentro, entendendo que era preciso conciliar iniciativas ambientais, sociais e de governança, palavras em português que traduzem a sigla.

Foi a partir desse contexto que autoridades internacionais passaram a alertar empresários e mercados financeiros do mundo inteiro sobre a importância de assuntos como proteção ambiental, redução de carbono, equidade de gênero, diversidade, LGPD e compliance. A S&P Global, agência de classificação de risco econômico, calcula inclusive que 4% de todo o PIB mundial estaria ameaçado se os países não se prepararem para lidar com o assunto.

Desde então, a prática ESG não é apenas prioridade no mundo corporativo – nas pequenas, médias e grandes empresas – mas também essencial no mercado das telecomunicações. Um estudo de 2022 da consultoria PWC indicou que 65% dos investidores defendem uma política de investimento responsável e 56% deles já recusaram acordos de parceria ou de investimento por falta de iniciativas aderentes à prática ESG.

No nicho empresarial em que atuo, uma agenda que aborde o desenvolvimento sustentável é ainda mais relevante considerando a essencialidade dos serviços de internet no Brasil e no mundo. A consultoria EY, que mapeia práticas globais de auditoria e estudos, identificou quais são os principais riscos para o setor de telecomunicações em 2023 e forneceu diretrizes para as empresas mitigá-los. A má gestão da agenda ESG aparece em quarto lugar dentre os dez principais riscos. Quatro em cada dez dos usuários entrevistados observam que as operadoras precisam fazer mais neste aspecto.

Trazendo mais alguns números, a mesma consultoria observa em outro relatório sobre o tema, o “Reimagining Industry Futures Study 2022”, que 39% das empresas de telecomunicações não divulgam estratégia específica sobre plano de transição ou caminho de descarbonização. E é por isso que uma das minhas aspirações pessoais é criar metas concretas das nossas operações.

Outro ponto que me chamou atenção no relatório da EY fala sobre a necessidade de o setor de telecomunicações ampliar o seu papel, investindo e devolvendo para a comunidade fora dos grandes centros.

E esta é uma preocupação real e compartilhada do setor. São várias as iniciativas necessárias e possíveis dentro desse aspecto. A Pesquisa TIC Domicílios nos mostra que 20% dos brasileiros ainda não têm pleno acesso à internet. Muitas escolas nos confins do país precisaram buscar alternativas para mitigar as limitações impostas pela falta de conexão que é uma realidade fora dos grandes centros. As operadoras de internet conseguem suprir essa carência, seja com a doação de pacotes de dados via organizações do terceiro setor, seja investindo em infraestrutura, seja com investimento de recursos em parceria com órgãos públicos.

Em suma, fica claro que o olhar atento para a sustentabilidade é fundamental para garantir que os resultados sejam duradouros e positivos para todos os nossos públicos. Durante o último ano, nosso time esteve dedicado à construção do Plano Vero ESG. Mais do que prover conexões de qualidade, queremos estar junto dos nossos clientes no mundo de possibilidades e oportunidades que a internet proporciona. Por isso, estamos prontos para fazer um convite genuíno a todos que desejam usufruir da melhor experiência no mundo digital, com propósito e atenção ao conceito da sigla ESG em sua essência, que se resume em desenvolver um mundo cada vez mais conectado com o meio ambiente e com as pautas sociais. Tudo isso com responsabilidade corporativa.

 

* Fabiano Ferreira é CEO da Vero Internet. Também é membro do conselho de administração na TelComp – Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas.

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Colaborador

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