Feninfra defende reordenamento dos postes sem custos extras para teles

Termos da consulta pública editada pela Aneel sugerem que operadoras paguem a conta do reordenamento dos postes, com a alegação de que as redes estão desorganizadas, diz a federação
Vivien Suruagy, Presidente da Feninfra - Crédito: Divulgação
Vivien Suruagy, Presidente da Feninfra – Crédito: Divulgação

As teles não devem ter custos adicionais sobre o reordenamento dos postes, alerta a Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).

Os termos da consulta pública editada pela Aneel, com prazo de contribuições até março, “sugerem que as empresas de telecomunicações paguem a conta do reordenamento dos postes, com a alegação de que as redes estão desorganizadas”, diz Vivien de Mello Suruagy, presidente da federação.

“Querem atribuir a culpa desta situação de confusão nos postes ao setor de telecomunicações, numa inversão de responsabilidades. O resultado disso pode ser um grande aumento dos custos para as empresas que são regularizadas e atuam de forma correta”, alerta Suruagy.

Manifestação

A Feninfra, ao lado de outras entidades do setor de telecomunicações, planeja para esta semana uma manifestação conjunta sobre a consulta pública de regulamentação dos postes.

Segundo Vivien Suruagy, os termos da proposta de regularização da Aneel, que será submetida posteriormente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), pode prejudicar os investimentos das empresas do setor, justamente no momento em que necessitam de recursos para investimentos, como o 5G, por exemplo.

“Evidente que é preciso um reordenamento de postes, mas os recursos devem sair do que já é pago atualmente pela ocupação de infraestrutura, sem custos adicionais. Caso contrário, os grandes investimentos que estão sendo feitos na infraestrutura podem ser impactados, afetando inclusive a conectividade”, pontua a dirigente.

Operador neutro

Uma das questões demandadas pelo setor de telecomunicações era a figura de um operador neutro para os postes, responsável por fazer esta gestão de uso da infraestrutura. De acordo com a Feninfra, da forma como está sendo proposto pela Aneel, os riscos são grandes porque não há garantia de um operador independente.

“Além disso, os custos de reorganização das redes recaem todos sobre o setor de telecom, enquanto para as empresas de energia cabe o papel de limpar as redes eventualmente irregulares, o que significa o poder de interromper os serviços.”

Precarização

Outra questão que Suruagy aborda no comunicado envolve a discussão da qualidade dos serviços no país.

“A ocupação dos postes está diretamente ligada com a precarização da qualidade dos serviços de implantação de infraestrutura. Afinal, há muitas empresas clandestinas atuando sem nenhum contrato formal e supervisão das companhias de energia, responsabilidade das elétricas”, diz a presidente da Feninfra.

“São empresas que não possuem mão-de-obra qualificada e regularizada e não adotam práticas corretas de engenharia e construção. A proliferação dessas empresas deve ser coibida”, continua.

Planejamento

Ela afirma que a ocupação adequada dos postes é uma grande oportunidade para assegurar ao consumidor serviços de qualidade.

“Mas esse trabalho de planejamento e reorganização precisa ser feito sob a liderança das empresas de telecomunicações e sem subsídio cruzado entre setores”, pontua.

Suruagy ainda avisa que, ao mesmo tempo em que criticam esse modelo proposto pela Aneel, as empresas de telecom trabalham em um modelo alternativo de fiscalização dos postes, de autoregulação setorial.

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José Norberto Flesch

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