Faria quer usar a EBC para defender o governo no exterior

Ministro das Comunicações avalia criar um canal de streaming para estrangeiros e "colocar nossos ministros para defender o Brasil lá fora".

O ministro das comunicações, Fabio Faria, afirmou em entrevista ontem, 14, que pretende criar um canal por streaming da EBC. Este canal terá o papel de defesa do governo brasileiro no exterior, acrescentou.

“Nós precisamos levar a comunicação do Brasil, a defesa do governo brasileiro, eu queria muito fazer um canal de streaming na EBC para que a gente pudesse levar para a Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, colocar nossos ministros para defender o Brasil lá fora”, disse, em entrevista à TV Record.

Ele não teceu detalhes sobre prazos e de forma o streaming seria divulgado para atrair a atenção de espectadores estrangeiros em outros países. Mas disse que “é muito fácil você vir e falar mal do Brasil, o mais difícil é você mudar uma narrativa que está posta”.

A EBC é uma empresa de comunicação pública. Embora dependa de recursos da União, seu papel é produzir conteúdo de utilidade pública. Conforme estabelecido na missão da empresa, sua missão é “criar e difundir conteúdos que contribuam para o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas”. A estatal também explica, na sua página institucional, que tem como valores o “compromisso com a comunicação pública”, a “independência nos conteúdos, na transparência e na gestão participativa”. A página na qual a EBC descreve sua missão e valores foi criada em 2012, e passou por atualização em 16 de janeiro de 2020.

Privatização

A EBC é uma das estatais na lista de privatizáveis pelo Ministério da Economia. Sobre o assunto, Faria afirmou que não teve “input da Economia”. Com a empresa no ministério, ele traça projetos de reestruturação. “Eu quero que a EBC fique mais funcional, precisa ser otimizada”, avaliou.

O ministro comentou também a possível privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). Ele afirmou que este é um desejo do presidente Jair Bolsonaro, o que levou o governo a planejar contratar uma consultoria para fazer um levantamento. O que ainda não aconteceu.

“Os Correios são uma grande empresa, com 98 mil funcionários, que entrega carta no interior do Amazonas, Acre, Rio Grande do Sul. Então não é simples, não é só falar que vamos privatizar os Correios e teremos isso para amanhã”, afirmou.

Gabinete do ódio

Faria negou a existência de um “Gabinete do Ódio” no Palácio do Planalto no Palácio do Planalto, que teria a função de atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro. Essa estrutura foi um dos motivos que levaram os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), a defender a aprovação de projeto de combate às fake news.

Segundo ele, o “Gabinete do Ódio” é na verdade composto por “três computadores que nem editor de texto têm. Agora, quando você fala que a gente tem que investigar se tem milícias pagas, isso aí tem que investigar de todos os lados. Mas no Palácio não existe esse gabinete de perseguir pessoas”, declarou.

Vale lembrar que na última semana o Facebook derrubou uma rede de sites bolsonaristas por descumprimento de regras da rede social. As páginas publicavam conteúdos considerados discurso de ódio e também funcionavam de forma considerada inautêntica pela companhia – se passando por veículos de imprensa inexistentes, por exemplo. Algumas das páginas eram administradas, conforme o Facebook, por assessor lotado no gabinete de Jair Bolsonaro no Planalto, e por funcionários de Flavio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, além de deputados aliados do presidente.

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Abnor Gondim

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