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Expansão da IoT no Brasil deve ser lenta, prevê Teleco

Durante IoT Summit, operadoras brasileiras apresentaram suas estratégias para explorar as oportunidades da tecnologia nascente e mostraram suas apostas para o mercado local
Imagem: Camila Sipahi, baseado em Freepik
Imagem: Camila Sipahi, baseado em Freepik

O Brasil vai adotar a internet das coisas, e as operadoras estão investindo no segmento. No entanto, por se tratar de uma tecnologia nascente e sem similar, deverá ter um crescimento cadenciado. É o que indica a consultoria Teleco. Segundo Eduardo Tude, presidente da empresa, o Brasil tem oportunidades para explorar a IoT em várias frentes, mas o ritmo de adoção não será explosivo.

“Vemos que, até 2025, o Brasil terá entre 100 milhões e 200 milhões de objetos conectados. Parecem números modestos porque entendemos que o crescimento de IoT aqui será lento e gradual. Não vemos, dentro das tendências atuais, uma explosão. Pode haver forte adesão em algum segmento, mas no conjunto, será cadenciado”, falou o executivo ao participar do IoT Summit 2017, evento online que debateu o cenário para a formação do mercado de internet das coisas no Brasil.

Conforme Tude, a IoT ainda enfrenta algumas barreiras, como o preço, a tributação. Mas o volume das conexões expõe o grande potencial econômico. “A agricultura é a nossa grande oportunidade. Imagine que em 2015 havia 45 mil colheitadeiras em uso, e menos de 10% eram conectadas. Já conectar o rebanho bovino, apenas de Fistel, custaria R$ 1,2 bilhão, mais R$ 400 milhões por ano”, ressaltou.

Vivo
Lento ou rápido, as operadoras não querem esperar para ver. Todas as principais empresas do setor já investem em melhorias de rede e na oferta de serviços em IoT. Na Vivo, por exemplo, há o consenso de que a tecnologia vai revolucionar o setor corporativo. A empresa, que tem a maior quantidade de acessos M2M instalados do país, 40% do total, quer migrá-los para IoT, acrescentando mais funcionalidade e inteligência.

“Nossa ideia é complementar o portfólio B2B com soluções IoT, atendendo grandes, médias e pequenas empresas. O posicionamento vai envolver os serviços de conectividade, mas também de big data, de soluções e de desenvolvimento de plataformas”, contou Eduardo Takeshi, gerente sênior de soluções IoT e M2M da Vivo.

Segundo ele, as oportunidades em IoT são mais variadas. “Em 2012 o M2M tinha menos verticais, como rastreamento e segurança de alarmes. Hoje, há utilities, meios de pagamentos, setor de agro, advertising, consumer eletronics, medidor de audiência, carros conectados, cidades inteligentes”, enumerou. Tudo deve se beneficiar de um upgrade de infraestrutura que facilitará a conexão das coisas com o 4G, dentro do padrão NB-IoT.

TIM
A TIM Brasil também está atenda às transformações que a internet das coisas propiciará. Segundo Janilson Bezerra, responsável pelo setor de inovação e novos negócios da tele, a dimensão continental e os indicadores sociais e econômicos tornam o país extremamente atrativo para investimentos.

“O histórico industrial, de agronegócio e os desafios de gestão ambiental serão alavancas combinados com o IoT para destaque do nosso país. A tecnologia pode tornar nossas megacidades mais habitáveis”, ressaltou. Para o executivo, estamos saindo do ápice do M2M, que se refere unicamente à conexão entre máquinas, e entrando definitivamente na onda da internet das coisas.

“Essa segunda onda vai requerer atributos diferenciados de conectividade. Vai exigir baixa latência, menor consumo de energia, capacidade de conectar milhões de objetos. Depois de 2020, entraremos na onda da missão crítica”, prevê. Segundo ele, o 4G se apresenta, atualmente, como a melhor tecnologia para a conectividade IoT. Para isso, as redes devem ser adaptadas para usar o padrão LPWA, ou seja, para receber a conexão de múltiplos aparelhos de uma vasta área, e com baixo consumo. “A TIM já tem a maior cobertura 4G no Brasil. Agora o NB-IoT é nossa grande aposta para a conectividade das coisas nos próximos anos”, revelou.

A empresa também está investindo em soluções de big data e analytics. E, ainda, em um modelo de inovação aberta, que tenta atrair desenvolvedores. “A inovação não deve vir da operadora, mas de quem é capaz de identificar e criar soluções para novos desafios”, resumiu.

Embratel
Estratégia da qual comunga a Embratel. Segundo Eduardo Polidoro, diretor de M2M e IoT da operadora, o padrão escolhido foi o LPWA NB-IoT por ter uma cobertura bastante grande. Agora, trabalham para nutrir o surgimento de inovações. “Nossa ideia também é que a gente leve kits de desenvolvimento que já vêm com plano de dados para startups, para desenvolverem um produto de forma rápida e provar conceitos antes de chegar ao produto final”, falou.

Outro foco da Embratel tem sido o carro conectado, não apenas a telemetria e rastreamento. “A proposta é levar aplicações para o veículo. A gente consegue entregar WiFi para as pessoas de um veículo, criar geofences (cercas eletrônicas) que delimitam perímetros de trânsito, emissão de alertas de movimentação ou de velocidade”, exemplificou.

Além dos carros, outra oportunidade imediata vislumbrada pelo executivo é a oferta de soluções de smart cities. “As cidades se beneficiam de smart parking, smart lightining, smart traffic e gun shot detection. E tem a vertical de utilities, em que os sensores podem ajudar na prevenção de perdas”.

Oi
Na Oi, a grande preocupação é preparar a rede para grande variedade de objetos conectados. A empresa ressalta que o volume de dados trafegado pela IoT não é grande, mas os inúmeros dispositivos podem consumir recursos desnecessários se ficarem ligados em tempo integral ou solicitando acesso a todo momento. Quanto menos dados transmitirem, maior é a necessidade de chegar a uma arquitetura de rede torne o negócio viável

“A sinalização para esse dispositivo é inviável no modelo atual. Um exemplo é um sensor de temperatura ou humidade, que envia 20 bytes por hora. Em uma rede LTE, o dispositivo dispara 40 mensagens de sinalização e exige a interação de 11 elementos de rede. Isso para uma mensagem de 20 bytes! Não é viável. Tenho mais sinalização do que mensagem útil. Por isso é preciso uma rede com design específico para IoT”, alertou David Pfannemuller Guimarães, consultor de Tecnologia da Oi.

Ele lembra que a IoT tem novos requisitos de rede: alta velocidade, baixa latência, baixo consumo, estabilidade e segurança. Por isso, a empresa pretende adotar o padrão de infraestrutura proposto pela 3GPP, que introduz elementos de rede específicos para lidar com a internet das coisas. “A ideia é simplificar os processos na rede de acesso e core, ter uma interface simplificada para a aplicação, mas aumentar a segurança”, diz.

Como as demais, o caminho para a Oi será oferecer mais do que apenas conectividade. “A operadora deve oferecer controle dos dispositivos, trabalhar em conjunto com o desenvolvedor, prover segurança, simplicidade e possibilidade de evolução da solução”, finalizou.

O IoT Summit foi organizado por TeleSemana.com, Teleco e TelecomWebinar.com. O evento, primeiro totalmente organizado e apresentado online, reuniu especialistas do setor, que debateram a partir de apresentações em vídeo, que ficarão disponíveis aos inscritos por mais um ano.

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