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Europeus traçam estratégias para criar mercado comum de dados e de IA

Comissão Europeia propõe aos países que formam a União Europeia a definição de marcos legais para uso industrial e padronizado de dados e para prevenir abusos de aplicações de inteligência artificial.

A Comissão Europeia revelou hoje, 19, planos de ação para criar um mercado comum de dados no bloco. Também anunciou a criação de uma estratégia para o desenvolvimento de tecnologias próprias em inteligência artificial, a fim de fazer frente a Estados Unidos e China.

No âmbito do mercado comum de dados, a proposta consiste em definir marcos legais “claros e justos” a respeito do acesso e reutilização de dados; investir em padronização, ferramentas e infraestrutura para armazenamento e processamento local; criar uma nuvem europeia de alta capacidade; criar um pool de dados para setores-chave, de acesso comum e interoperável entre os países; e garantir que usuários tenham direitos, ferramentas e habilidades para controlar seus dados.

O movimento busca antecipar a transformação pela qual o mundo dos dados passará nos próximos anos. Até 2025, apenas 20% do tratamento de dados será feito em ambientes computacionais centralizados (hoje, estima-se que sejam pouco menos de 80%). Até lá, 80% dos objetos conectados terão capacidade de processar informação, diferente dos cerca de 20% de hoje. Ao mesmo tempo, o volume de dados produzidos no planeta vai saltar de 33 zetabytes para 175 zetabytes, estima a CE.

Essa transformação pode ser mais bem mensurada pelo dinheiro que irá movimentar. A CE afirma que em 2018 a economia dos dados movimentou € 301 bilhões no bloco. Em 2025, o valor chegará a € 829 bilhões – ou seja, vai quase triplicar. Haverá também reflexo nos empregos. Hoje, há 5,7 milhões de trabalhadores europeus com foco em dados. Em 2025 serão 10,9 milhões.

Esse crescimento será alcançado caso o bloco invista entre € 4 e 6 bilhões em infraestrutura de nuvem compartilhada pelos países-membros e em “data spaces”, locais onde é possível compartilhar os dados por meio de padrões comuns a todos.

Inteligência artificial

Na área de inteligência artificial, o objetivo é competir diretamente com gigantes norte-americanos através do desenvolvimento local de tecnologia e do estabelecimento de regras de confiabilidade.

Serão várias políticas públicas praticadas pelos países-membros, coordenadas pela Comissão Europeia. As políticas incluem a definição de parcerias público-privadas para o desenvolvimento de ferramentas de IA e robótica; apoio a pesquisa e centros de excelência; criação de ao menos um centro de inovação digital por país do bloco; financiamento através do Fundo Europeu de Investimento; aplicação da IA em soluções para o setor público local.

Para garantir a confiabilidade dos sistemas de IA, a CE vai propor um marco legal para a tecnologia, a fim de limitar abusos e restringir riscos, mas sem inibir a inovação; exigir transparência de sistemas IA de alto risco, garantindo que todas as decisões automatizadas sejam rastreáveis por humanos; estabelecer critérios para homologação de sistemas de IA, assim como são homologados cosméticos, carros ou brinquedos; garantir que os bancos de dados não sejam enviesados; e debater como regular o reconhecimento facial.

A União Europeia já vinha debatendo assuntos relacionados a IA. Nos últimos três anos, por exemplo, os países do bloco ampliaram em 70% os investimentos em pesquisas relativas a inteligência artificial. Agora, com a divulgação do plano, deve estruturar leis e ações práticas mais específicas. A meta é se chegar a um volume anual de investimentos no segmento de € 20 bilhões por ano.

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