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Estudo do NIC.br mostra que apenas 52% das escolas rurais têm internet

Para enfrentar os desafios decorrentes da pandemia, escolas disponibilizaram materiais pedagógicos impressos e criaram grupos em aplicativos e redes sociais para facilitar a comunicação com pais e alunos
Estudo TIC Educação 2020 abordou dificuldades em escolas municipais, estaduais e particulares do país

A pesquisa TIC Educação 2020, divulgada hoje, 31, mostra que 82% das escolas possuem acesso à Internet. O percentual sobe a 98% entre as escolas localizadas em áreas urbanas e fica em apenas 52% entre as escolas localizadas em áreas rurais.

Por dependência administrativa, as particulares (98%) e estaduais (94%) apresentam maiores proporções em comparação com as escolas municipais (71%). Escolas com menor número de alunos matriculados também apresentam menores proporções de acesso à rede: 69% entre aquelas que possuem de 51 a 150 matrículas e 55% entre as escolas com até 50 matrículas.

Grande parte das escolas possui computadores de mesa (91%) ou computadores portáteis (79%) em funcionamento, e apenas 21% delas têm tablets. Tais dispositivos estão menos presentes nas escolas localizadas em áreas rurais (76% delas possuem computador de mesa e 65% possuem computador portátil; 37% não contam com nenhum dispositivo). Mais da metade das escolas receberam computadores novos nos últimos cinco anos (57%), sendo que em 23% delas os dispositivos foram atualizados há menos de um ano.

“O grande desafio é garantir a disponibilidade de dispositivos digitais para uso pedagógico, tanto no que diz respeito à presença de equipamentos quanto à quantidade e condição de conectividade desses dispositivos”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Entre as escolas municipais, 46% não possuem nenhum computador de mesa e 44% nenhum computador portátil para uso dos alunos, enquanto somente 22% delas possuem mais de seis computadores de mesa disponíveis para uso pedagógico, e 6% mais de seis computadores portáteis.

“Além de exemplificar o cenário desafiador vivido pelas instituições escolares desde o início da pandemia no ano passado, os dados estatísticos da pesquisa TIC Educação são de extrema relevância para a elaboração, por parte do poder público, de políticas de informatização e inclusão digital nas escolas brasileiras”, conclui Marcio Migon, coordenador do CGI.br.

Desafios

O ensino remoto, durante a pandemia, trouxe dificuldade de orientação e apoio aos alunos por parte de pais ou responsáveis. A situação ficou ainda pior com a falta de dispositivos, como computadores e celulares, e o acesso à internet nos domicílios.

Segundo o estudo, 93% dos gestores escolares do Brasil apontam a dificuldade de pais e responsáveis para apoiar os alunos nas atividades escolares como um dos principais desafios enfrentados para a realização de atividades pedagógicas durante a pandemia. Os dados ainda indicam que a ausência de dispositivos e/ou acesso à internet são outros dos problemas mais citados pelos gestores (86%).

A pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) é conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), e foi divulgada nesta terça, 31. A metodologia utilizada nessa edição teve que ser adaptada às limitações impostas pela pandemia, e foi realizada por meio de entrevistas telefônicas com gestores de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e de escolas particulares em áreas urbanas e rurais.

Em 65% do total de instituições escolares o atendimento a alunos em condição de vulnerabilidade social foi também citado como um dos desafios enfrentados durante este período. Este percentual foi ainda maior entre as escolas localizadas na região norte (73%), entre as escolas municipais (77%) e estaduais (74%), e entre aquelas localizadas em áreas rurais (73%).

“Os dados desta edição da pesquisa mostram claramente que escolas, educadores, pais e alunos buscaram formas de se adaptar ao novo cenário, enfrentando problemas de infraestrutura e conectividade para seguir com as atividades pedagógicas durante a pandemia”, diz Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Adaptação

A pesquisa apresenta, entre outras coisas, um panorama de como as escolas se adaptaram ao ensino remoto. Como forma de impedir que as atividades pedagógicas fossem paralisadas durante a pandemia, 93% das instituições de ensino afirmaram implementar estratégias de agendamento, para que os pais e responsáveis pudessem retirar atividades e materiais pedagógicos impressos na escola, enquanto 91% disseram ter criado grupos em aplicativos ou redes sociais, como WhatsApp ou Facebook, para se comunicar com os alunos ou pais e responsáveis.

A gravação de aulas em vídeos, depois disponibilizados aos alunos, foi outro recurso digital bastante utilizado pelas escolas (79%) para atividades pedagógicas durante esse período. O uso de tal recurso teve menores proporções em escolas das regiões Norte (49%) e Nordeste (77%), em escolas localizadas em áreas rurais (59%), entre as escolas municipais (70%) e entre as escolas menores, com até 50 alunos matriculados (63%).

Ambientes ou plataformas virtuais de aprendizagem serviram como apoio às atividades pedagógicas durante a pandemia, tanto em escolas estaduais (80%) e particulares (75%). O percentual foi menor (42%) entre as escolas municipais.

Escolas localizadas em áreas urbanas (70%) também apresentaram proporções mais altas de uso destes recursos. De acordo com a edição 2019 da pesquisa, 28% das instituições escolares urbanas possuíam ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem.

Em 62% das escolas foram adotadas medidas como a parceria com líderes comunitários para comunicação com as famílias e o envio de materiais didáticos aos alunos. Essa estratégia é citada em maior proporção por escolas rurais (71%) e entre as escolas localizadas em municípios do interior (63%).

A proporção de escolas urbanas que possuem perfil ou página em redes sociais foi de 82%. Já entre as escolas localizadas em áreas rurais este percentual foi de 29%, medido pela primeira vez pela TIC Educação.

A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010, pelo Cetic.br, com o intuito de investigar o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de ensino fundamental e médio.

Em função das medidas sanitárias implementadas por conta da pandemia COVID-19, a coleta de dados desta 11ª edição ocorreu por meio de uma metodologia adaptada. Entre os meses de setembro de 2020 e junho de 2021, foram realizadas entrevistas telefônicas com 3.678 gestores de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e particulares. Ao todo, foram entrevistados representantes de 2.009 escolas localizadas em áreas urbanas e 1.669 escolas de em áreas rurais.

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