Apesar de restrições de EUA e Europa, Huawei se mostra confiante com setor de telecom

Empresa chinesa aposta em telecomunicações, nuvem e outras verticais para seguir crescendo, especialmente por meio de parcerias em outros territórios, como o Brasil
Huawei aposta em telecom para seguir crescendo
Campus da Huawei, em Dongguan, na China; empresa confia em telecom para seguir crescendo (crédito: Miriam Aquino/TeleSíntese)

Shenzhen* – Os embargos dos Estados Unidos e de países europeus às tecnologias da Huawei não afetaram a confiança de seus executivos quanto ao desempenho e futuro da companhia. De fato, poucos foram os impactos no faturamento da maior fabricante do setor de telecom da China. ¨Os números auditados demonstram. No ano passado, perdemos mercado no segmento de aparelhos, mas crescemos em telecom e nos outros negócios¨, afirmou Jeff Wang, vice-presidente sênior e presidente do departamento de Comunicação da Huawei.

E o faturamento encolheu, observa, em um segmento – o de devices – cuja rentabilidade é de alto risco. ¨A Apple tem mais de 80% das receitas, seguida pela Samsung. As demais marcas brigam pelo restante da fatia¨, diz o executivo, reforçando a sua tese de que a empresa não está sofrendo com as restrições europeias.

Os resultados operacionais da empresa tendem a confirmar a avaliação de Wang. Embora a Huawei nunca tenha colocado de fato o pé no mercado norte-americano, ao longo da última década conquistou importante fatia junto às operadoras europeias.

No ano passado a empresa fechou com receita de 642,3 bilhões de yuans, ou US$ 92,73 bilhões, crescimento de 0,9% em relação a 2021. Na vertical de negócios para as teles, o crescimento foi de 0,9% (283,9 bilhões de yuans), 30% na vertical corporativa (133 bilhões de yuans) e queda de 11,9% na vertical de consumo (214,4 bilhões de yuans).

Parceiros brasileiros

O fato de os reguladores europeus estarem apertando o cerco contra os fabricantes chineses – pressionando as telcos para pararem de comprar desses fornecedores – não está afetando, contudo, a decisão de subsidiárias de outros países manterem-se fieis às soluções da Huawei.

Centro de Segurança Cibernética, Proteção de Privacidade e Transparência da Huawei, em Dongguan, na China (crédito: Miriam Aquino/TeleSíntese)

Nessa semana, estavam também visitando os enormes campus da empresa, em Shenzhen e na vizinha cidade de Dongguan, os principais executivos da TIM Brasil. ¨Viemos aqui com dois objetivos: acelerar o 5G e tratar da migração de todos os nossos data centers para a nuvem da Huawei“, disse, ao Tele.Síntese, Leonardo Capdeville, CTO da TIM Brasil.

O campus em Dongguan, por sinal, onde a empresa abriga o seu Centro Global de Segurança Cibernética, Proteção de Privacidade e Transparência, pode ser um caminho para nós, ocidentais, começarmos a entender essa nova China.

Lá a empresa resolveu construir e reunir exemplos arquitetônicos de diferentes cidades europeias, adoradas pelos turistas chineses que lá aportam em milhares, todos os anos. E, em apenas três anos, construiu um parque com mais de 7 quilômetros para congregar pelo menos 2 mil pesquisadores, que podem se inspirar caminhando pelos jardins de Monet, pelos palácios de Paris, pelas torres de Siena (Itália), pelos canais de Bruges (Bélgica), ou dar um pulo na Universidade de Heldeberg, na Alemanha.

*A jornalista viaja a convite da Huawei

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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