Para Ericsson, uso secundário dos 700 MHz precisa de mais garantias

Na avaliação de Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, uso secundário da faixa é interessante para operadoras entrantes fortalecerem a cobertura móvel, mas precisam de salvaguarda para que não haja uma “disrupção de serviços críticos”
Para Ericsson, acordo de manutenção de serviços pode viabilizar uso secundário dos 700 MHz
Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina; executivo sugere acordo entre operadoras para uso secundário dos 700 MHz (crédito: Divulgação)

Para a Ericsson, caso a frequência de 700 MHz seja repassada em caráter primário para alguma operadora, é importante haver um acordo para que os serviços disponibilizadas por uma prestadora em caráter secundário não sejam interrompidos, o que também pode aumentar a atratividade pelo uso da faixa.

A sugestão foi compartilhada por Rodrigo Dienstmann, CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, em mesa-redonda online com jornalistas, nesta sexta-feira, 8.

Segundo ele, os 700 MHz são “um bom complemento para as regionais lançarem os serviços de mobilidade, até porque faltam aparelhos 5G nessas regiões”.

Nesta semana, contudo, as entrantes da telefonia móvel (Brisanet, Cloud2U, Ligga, Unifique e Datora) pediram para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) suspender os efeitos do acórdão que liberou a faixa em caráter secundário. Uma das reclamações diz respeito ao prazo de uso de três anos, renováveis por mais três. As empresas alegam que é insuficiente para justificar os investimentos, tendo em vista que ainda estão focadas na construção das redes nas frequências de banda média (3,5 GHz e 2,5 GHz).

Com a devolução da faixa de 700 MHz pela Winity, a expectativa é de que a segunda (Highline) ou terceira colocada (Datora) no leilão do 5G assumam a frequência em caráter primário. Outra alternativa é a realização de um novo leilão, com o espectro podendo ser adquirido por outra empresa.

Se os 700 MHz forem relicitados, tem que ter um acordo [entre operadoras com direito de uso primário e secundário] para não ter uma disrupção de serviços críticos em cima da frequência. A faixa tem um papel importante na inclusão digital do País e no aumento da eficiência, inclusive em rodovias, para criação de novos modelos de negócio na logística e na agricultura”, afirmou Dienstmann.

De todo modo, o CEO regional da Ericsson observou que a hesitação em relação à utilização do espectro em caráter secundário também envolve decisões sobre os serviços que as empresas planejam ofertar.

“A frequência de 700 MHz tem um papel importante para viabilizar casos de uso, inclusive em 5G”, disse Dienstmann. “O uso secundário é primordial para garantir a experiência do cliente e para as operações das empresas que querem lançar o serviço móvel, mas vemos que as entrantes ainda estão tateando o uso principal – algumas olhando FWA, mercado empresarial, consumidor, e outras olhando para todos os casos”, acrescentou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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