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Infraestrutura

Empresas de infraestrutura otimistas com decisões do STF

Especialista aponta mudança de entendimento no Supremo em relação às leis municipais de antenas. Corte rejeitou ontem, 7, recurso da Prefeitura de São Paulo contra decisão que invalidou lei local.

Pelo menos 12 decisões recentes tomadas pelo Supremo Tribunal Federal trouxeram ânimo às empresas de infraestrutura de telecomunicações. Desde 2020, a Corte tem julgado em desfavor de prefeituras e estados que criaram leis capazes de restringir a implantação de torres e antenas.

As movimentações mais recentes se deram nesta semana. Ontem, o ministro Alexandre de Morais rejeitou os embargos de declaração pedidos pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) contra uma decisão anterior do STF tomada no âmbito do processo que invalidou a lei de antenas da capital paulista. Na segunda-feira, 5, rejeitou agravos de divergência pedidos pela Câmara dos Vereadores.

A lei estava em vigor desde 2004 e foi considerada inconstitucional em dezembro de 2020 em função de ação movida pela associação Telcomp (RE 981.825). Desde então, Câmara dos Vereadores e Prefeitura tentam protelar o fim do processo com recursos à decisão.

Caso não haja novos embargos, o STF poderá modular o veredito, reconhecendo o trânsito em julgado do assunto. Com isso, São Paulo estará definitivamente sujeita à Lei Geral de Antenas federal, de 2015.

Mudança de entendimento

Para Grazziano Ceará, sócio do escritório Valfredo Bessa e Grazziano Advogados, um dos que representam a Telcomp e empresas do setor, a decisão soma-se a outras que denotam mudança de entendimento por parte da Corte em relação à infraestrutura de telecomunicações.

“Sentimos que a chave virou há mais ou menos um ano. Até a decisão da ADI 3110, a respeito de lei estadual de São Paulo, parecia que o setor de infraestrutura era considerado um inimigo que as cidades tinham que combater”, lembra.

A seu ver, as notícias de que a 5G está chegando e vai exigir a instalação de muito mais antenas ajudou. A decretação de essencialidade dos serviços de telecomunicações – evidenciada pelo isolamento social decorrente da pandemia de covid-19 – também contribuiu para a mudança de percepção dos ministros.

Outros casos

Ceará cita outras decisões do STF nos últimos meses, que vão ajudar as empresas de infraestrutura a implantar torres, rooftops ou usar o mobiliários urbano.

Saíram vereditos declarando a inconstitucionalidade de leis ou artigos de leis dos estados de Mato Grosso, Santa Catarina e do Distrito Federal. Houve decisões positivas relativas a leis das cidades de Montes Claros (MG), Praia Grande (SP), Itu (SP), Monte Aprazível (SP), Muriaé (MG), Porto Alegre (RS) e Americana (SP).

No caso de Americana, em que Grazziano atuou, um artigo da lei de antenas municipal impedia a instalação de antenas com distância menor que 50 metros de residências.

A Telcomp entrou com outra ação (ADPF 732), contra o município de Valinhos, também no interior de São Paulo. Questiona artigo de uma lei que determina distância mínima de 100 metros das antenas em relação a residências, praças, parques, jardins. O relator é o ministro Ricardo Lewandowski. O julgamento começa em 16 de abril, em plenário virtual.

Sensibilização

Embora os resultados sejam favoráveis na Justiça, as entidades setoriais não querem ter de chegar ao litígio para garantir a expansão das redes de telecomunicações. Em maio próximo, Abrintel, associação que reúne empresas de infraestrutura passiva, Conexis Brasil Digital, da qual participam as operadoras móveis, a ABO2O, que reúne empresas digitais, entre outras entidades, vão lançar o Movimento Antene-se.

O movimento será um esforço de comunicação, em que as entidades querem convencer governadores, prefeitos deputados e vereadores a tornarem as legislações locais mais receptivas à infraestrutura de telecomunicações.

“À medida em que o 5G começa a acontecer, a pauta de facilitar a instalação de antenas se torna mais urgente. Durante a campanha para prefeito, vários candidatos defenderam cidades inteligentes e conectadas, mas nada disso é possível sem antenas”, ressalta Luciano Stutz,  presidente da Abrintel.

Segundo ele, sem ação do Poder Público, não será possível para as operadoras cumprirem a promessa de implantar uma “Ferrari” com a chegada da 5G no espectro de 3,5 GHz. Apenas a cidade de São Paulo tem uma fila de 2 mil autorizações de antenas que ou aguardam aprovação, ou foram inviabilizadas pela legislação considerada inconstitucional pelo STF.

Além do movimento Antene-se, a Abrintel vem se reunindo com governadores para propor medidas de estímulo à conectividade. Como o incentivo para as prefeituras modernizarem suas leis municipais com um texto elaborado em parceria por Anatel, Conexis, Abrintel. Por enquanto, Rio de Janeiro editou lei para incentivar cidades a renovar a legislação local, e proposta semelhante tramita na Assembleia de Minas Gerais.

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