Em alguns anos, agro poderá optar por soluções multi órbitas

Por enquanto, os satélites geoestacionários mantêm o domínio e, para diminuir custos, há pressão pelo Fust.
As soluções multi órbitas estarão disponíveis no Brasil em no máximo cinco anos. Crédito: AGROtic

Nos próximos cinco anos, o segmento do agro negócio brasileiro poderá contar com conectividade de satélite multi órbitas. Mas, por enquanto, são os satélites geoestacionários que prevalecem, mesmo diante da competição de novas constelações como a Starlink, de Elon Musk, já autorizada a operar no Brasil.

O tema foi discutido hoje durante o painel “A conectividade avança no campo com as alternativas via satélite”, no segundo dia do AGROtic 2022. Mauro Wajnberg, diretor geral da Telesat Brasil, contou que a empresa está prestes a lançar uma constelação LEO, de baixa órbita, que terá uma aplicação importante no agronegócio.

Trata-se da constelação Lightspeed que estará 35 vezes mais próxima da Terra do que as soluções geostacionárias,  com alta capacidade em banda KA e comunicação por enlaces ópticos entre os satélites. “Imagina uma rede de fibra óptica no meio do campo, é isso que teremos”, ressaltou.

A empresa está realizando um piloto com a Nasa para a conexão entre os satélites GEO de banda KA com a Lightspeed. Serão conectados satélites de imagem e de dados com as constelações LEO e nanosatélites. Esse é o futuro que ele prevê, a integração entre as soluções disponíveis com ofertas multi órbitas.

Sem preocupação

Constelações como a da Starlink não preocupam os tradicionais fornecedores de satélites, pelo menos por enquanto. Isso se deve principalmente ao foco da empresa no mercado residencial de luxo. “A nossa proposta é atender empresas”, comentou Wajnberg. “Quem está por trás da StarLink pode gastar muito dinheiro, como já ficou provado com o Twitter (Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões) mas ainda não conhecemos qual o seu modelo de negócios”, completou  Clóvis Baptista Neto, presidente do Conselho da Hispamar.

Mas, de qualquer forma, o executivo garante que continua acompanhando com atenção as ofertas de satélites de órbitas menores.  Ele também afirmou que o atendimento remoto muitas vezes atinge pessoas com menor poder aquisitivo mas com mais necessidades, como ocorre com a eletricidade. De acordo com o executivo, a Hispamar aproveitou o período da pandemia para refletir no seu papel no mercado de satélites. Além da expansão dos satélites Amazonas —  a empresa está na sexta geração — ela também está se direcionando para a oferta de soluções para o mercado, com foco em parcerias.

Nesse período, fez importantes aquisições, como uma empresa de teleporto no Peru e outra de gerenciamento de teleportos. Com vários casos de serviços para o segmento  agro na Espanha, a empresa no Brasil é uma das parceira da PUC Rio de Janeiro em seu piloto do agronegócio que faz parte do Plano Nacional de IoT do BNDES. Ela fornece a capacidade satelital para o projeto.

Para a Hughes, o alcance no campo se dá muito mais na oferta do provimento de satélite via Internet, via Hughes NET.  Ela já ultrapassou a marca de 1,5 milhão de assinantes. A empresa opera com duas divisões: consumer e enterprise.

Humberto Grote, vice-presidente de Marketing e Vendas para Consumer, disse que há também a oferta pré-paga, gerenciada por parceiros, que envolve a instalação de hot spots para conexões com apoio de WiFi. “Hoje temos mais de 100 sites se comunicando”, disse.

CNA

Carlos Marsiglia, consultor de projetos da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), afirmou que a  principal reivindicação dos produtores  é para os custos ficarem mais acessíveis e que a conectividade possa ganhar ainda mais escala no campo. Como parte dessa empreitada, a entidade tem agido junto ao governo para conquistar fatias do FUST (Fundo de Universalização das Telecomunicações) que possam ajudar nessa expansão da tecnologia entre os produtores rurais, principalmente médios e pequenos agricultores.

A CNA realizou pilotos com alguns fornecedores da tecnologia satelital para verificar como seria esse tipo de conectividade no campo. Foram aplicados mais de 14 parâmetros e, no geral, o resultado foi positivo. Um dos pontos que deixou a desejar foi a latência, bem maior nas soluções via satélites do que nas terrestres. Nesse caso, acredita-se que os satélites de órbitas mais baixas podem colaborar na diminuição desse tempo de resposta.

Quanto à chegada de novos operadores e constelações, Marsiglia só tem a comemorar. “Quanto mais competição melhor, conseguimos expandir a conectividade no campo e levar mais serviços digitais”, observou.

 

 

 

 

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Wanise Ferreira

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