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EllaLink planeja expansão até Guiana Francesa e mais Estados brasileiros

Rafael Lozano, Country Manager da dona do cabo submarino de fibra óptica que liga a América Latina à Europa, fala ao TS sobre os próximos passos da empresa
Rafael Lozano, Country Manager da EllaLink. | Foto: Divulgação
Rafael Lozano, Country Manager da EllaLink. | Foto: Divulgação

Dona do único cabo submarino de fibra óptica que liga a América Latina à Europa, a EllaLink planeja expandir seu serviço, quer chegar à Guiana Francesa e a mais Estados brasileiros. Quem conta é Rafael Lozano, Country Manager da empresa, em conversa com o Tele.Síntese.

“Já temos projeto desenhado e pronto para acolher os serviços até a Guiana Francesa, e ampliar a conectividade até alguma cidade do norte ou nordeste do Brasil, possivelmente Belém, Macapá ou São Luís”, fala o executivo da EllaLink.

“Também pretendemos estender os serviços ou construir uma estação para atender o eixo Rio – São Paulo, e estamos ainda avaliando como conectar cidades como Recife ou Salvador”, continua Lozano.

Apesar de todo o projeto de expansão, ele diz que não há uma data prevista para que tudo isso aconteça.

“Não temos um calendário para isso. Vai acontecer conforme o apetite, conforme formos monetizando o caminho principal.”

Rota

Com investimento da ordem de R$ 1 bilhão e 6 mil quilômetros de extensão, o cabo da EllaLink está ancorado na cidade portuguesa de Sines e em Fortaleza, no Brasil. O sistema entrou em operação em junho do ano passado. Tem capacidade de 100 terabits por segundo e é a primeira rota de conexão direta de alta capacidade ligando o país ao velho continente sem passagem pelos Estados Unidos.

Em abril de 2022, a empresa anunciou parceria com a Globenet. Com isso, clientes brasileiros da GlobeNet podem utilizar o cabo EllaLink para acessar o ecossistema de provedores de conteúdo de serviço e pontos de troca de tráfego (IXs) na Europa. Da mesma forma, empresas europeias poderão utilizar o cabo EllaLink para acessar a rede da GlobeNet.

A Globenet comprou a V.Tal. Lozano diz que o acordo não foi feito pensando-se na aquisição feita pela parceira. “Acertamos o uso do data center deles. Nada mais que isso. A escolha foi pela capacidade, principalmente”.

Também não haverá revisão desse acordo quando for concluída a compra, segundo executivo. “Somos clientes da Globenet. Se mudar algo, será apenas nome, CNPJ, essas coisas mais burocráticas. Nada mais.”

Mais parcerias

Por falar em parcerias, a EllaLink já pensa em ampliar a relação com outras empresas, nesse sentido. “Estamos trabalhando em algumas parcerias, mas não podemos falar ainda. O que acontece é que muitos clientes já são, por si só, grandes consumidores de capacidade. Por conta disso, já têm serviços de outras operadoras de cabos submarinos. Nós viemos para complementar esses serviços, oferecendo algo que não existia no mercado: a rota direta”, fala Lozano.

“Reduzimos 50% da latência entre dois continentes para clientes que hoje usam a rota do Atlântico Norte ou do Atlântico Sul com a latência maior. Obviamente temos clientes que não possuem serviços na América Latina ou na Europa, e nos pedem serviços complementares em nossa rota, o que se tornam parcerias que costumam gerar negócios”, continua.

A empresa também avalia associação com grandes data centers. “Estamos conversando com as maiores – Ascenty, Scala etc – para ver como estender nossas redes aos data centers deles. Mas isso vai depender da demanda do cliente.”

Mas qual é o perfil dos clientes da EllaLink, afinal? “Vendemos várias capacidades e temos preço Premium por oferecermos um trabalho diferenciado. Então não temos um leque tão variado de clientes. São muitos clientes regionais, e vários não têm conhecimento de qual é a banda necessária para o serviço que oferecem. Nosso cliente quer baixa latência e está disposto a pagar um Premium por essa baixa latência”, comenta o Country Manager da EllaLink.

“Ellalink não é uma rota massiva, onde há um monte de pessoas consumindo, mas sim uma rota diferenciada”, complementa.

Ele compara sua infraestrutura à de concorrentes. “Há rotas com cabos já muito usados, que podem ser vendidas a preços inferiores. Não é o nosso caso. Nem entramos nessa competição de preço. Vendemos a la carte, mas tem pessoa que só quer comprar banana. Conosco trabalham clientes que sabem o valor desse serviço e como repassá-lo a seus clientes finais, que são os que pagam a conta.”

Ele só reclama da carga tributária. “Se há um problema nesse trabalho é a carga de impostos sobre equipamentos importados. Grande parte de nosso hardware é importada da Europa e EUA, e evidentemente, como todas as empresas que importam, sofremos com isso. É o maior lastro. Isso deixa os serviços aos clientes finais ficarem bem mais caros”, conclui.

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