Dona da Claro paga R$ 3,4 bi e fica com a Nextel

NII Holdings será dissolvida ao fim da venda. Anatel e Cade ainda precisam aprovar o negócio. Claro avisa que aquisição irá fortalecer presença nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

A América Móvil, empresa do bilionário mexicano Carlos Slim e dona da Claro Brasil, comprou a Nextel por US$ 905 milhões (R$ 3,47 bilhões). O anúncio foi feito hoje, 18. O negócio ainda precisa do aval de Anatel e Cade para ser concluído. Os acionistas da NII também precisam aprovar a transação.

Pelo contrato, a NII Holdings, que tinha como único ativo a participação de 70% na Nextel Brasil, e a AI Brazil Holdings, braço de grupo escandinavo com 30%, vendem integralmente suas ações para o grupo de Slim.

Com a venda, a América Móvil será a única controladora da Nextel Brasil. Segundo a empresa mexicana, o negócio vai fortalecer a presença da Claro nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A Nextel terminou 2018 com 3,3 milhões de usuários móveis, quase a totalidade concentrada nessas regiões metropolitanas. Tem, também, licença para exploração das faixas 800 MHz (SME), 1,8 GHz e 2,1 GHz no SMP nestas áreas.

A Claro, por sua vez, tem 56 milhões de clientes no celular. Com a aquisição, passa de vez a TIM (55,9 milhões) na disputa pelo segundo lugar na telefonia móvel brasileira, mas permanece atrás da Telefônica (73,1 milhões de clientes). Recebe, também, o espectro, que segundo decisão recente da Anatel, poderá ser explorado.

Fim da NII

De acordo com os termos do contrato de compra, o qual foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração da NII, a América Móvil adquirirá todas as quotas da Nextel Brasil, por um valor de compra consolidado de US$ 905 milhões, menos dívida líquida, estando sujeito a alguns ajustes no fechamento, incluindo reembolso em relação aos investimentos em ativos fixos e capital de giro de 1º de março até o fechamento da operação.

A NII receberá 70% dos recursos líquidos finais, após dedução de US$ 2 milhões relativos ao retorno de ações preferenciais devidos à AI Brazil. A América Móvil depositará US$ 30 milhões da parcela dos recursos líquidos devida à NII em uma conta garantia de duração de 18 meses, para garantir as obrigações de indenização da NII previstas no contrato de compra.

O contrato de compra inclui certos direitos de rescisão que podem ser exercidos por cada uma das contrapartes e determina que, em algumas circunstâncias, a NII poderá vir a ser requerida a pagar U$ 25 milhões à América Móvil, a título de multa rescisória.

A NII será liquidada ao término do processo de venda – os acionistas vão receber entre US$ 1 e US$ 1,5 pelas ações detidas, podendo haver prêmios posteriores. A NII também pagará US$ 10 milhões mais 6% dos recursos adicionais à AI Brazil assim que a venda for consumada para resolução de “desavença havida entre as partes sobre caracterização de quaisquer contribuições à Nextel Brasil feitas a partir dos proventos futuros liberados da conta garantia da Nextel México”.

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Rafael Bucco

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