Creditas foca em M&A e mira imobiliário e auto

O foco da empresa continua no consumidor final, B2C. Mas 40% do crédito concedido hoje já vai para o pequeno empresário, que solicita o crédito como pessoa física e capitaliza sua empresa.

Depois de nove anos de crescimento orgânico, a Creditas, fintech de empréstimo fundada pelo espanhol Sergio Furio, vai intensificar a expansão via aquisições. A fintech já havia comprado, no final de 2019, a Creditoo que permitiu à empresa passar a oferecer crédito consignado privado; e, em janeiro, anunciou a aquisição da Bcredi, plataforma digital de crédito imobiliário, reforçando a vertical de real state. Desde 2019, a Creditas iniciou um novo modelo de negócios baseado em verticais com soluções para o consumidor nas áreas imobiliária, veículos e cartões de benefícios.

Sérgio Furio – CEO Creditas Crédito: Divulgação

“Esta semana houve os anúncios da Ame que adquiriu a Nexoos e a Meliuz que comprou a Acesso. Nós já fizemos duas aquisições nos últimos dois anos – a Creditoo e a Bcredi. Temos uma agenda estratégica de M&A e estamos trabalhando nessa linha. Somos uma empresa de crédito que também opera em soluções para o consumidor e o perfil que estamos buscando são empresas que complementem o leque atual da Creditas”, avisa Furion.

Não faltarão recursos: a empresa já passou por cinco rodadas de captação somando 14 investidores institucionais e fundos internacionais que aportaram, em cinco anos, US$ 570 milhões. A primeira rodada de investimentos Séria-A foi em 2015, depois vieram sucessivos aportes de R$ 300 milhões de fundos de venture capital. Em 2019, a Creditas recebeu um novo aporte de R$ US$ 231 milhões liderados pelos japoneses do SoftBank ao qual se juntaram os fundos Vostok, Santander Innoventures e Amadeus Capital. Em dezembro do ano passado, alcançou o status de unicórnio com uma rodada Serie E.

“A última rodada foi um Série-E de R$ 255 milhões, em que a Creditas foi avaliada em US$1,75 bilhão”, destaca Furio. A rodada foi liderada pela LGT Lightstone, fundo de investimento de impacto focado em empresas de alto crescimento, e  atraiu novos sócios incluindo Tarsadia Capital, e.ventures, Wellington Management e Advent International via sua afiliada Sunley House Capital. Os sócios que a empresa já tinha – SoftBank Vision Fund 1, SoftBank Latin America Fund, VEF, Kaszek Ventures e Amadeus Capital Partners – participaram do investimento. Furio não descarta novas captações.

“Estamos com uma estratégia de crescimento focada em novas verticais e na expansão no México. Provavelmente novas captações virão, sem dúvida”, sinaliza do CEO da Creditas.

Em 2020, a empresa também conquistou a marca de R$ 1 bilhão em empréstimo para clientes – crescimento de 2,2 vezes quando comparado a 2019 – além de receita de R$ 260 milhões, com margem líquida de clientes, ou seja, descontando retorno aos investidores e provisões de crédito.

Criada em 2012, quando nem havia o termo fintech, a empresa iniciou as operações como um marketplace de crédito, criando a primeira plataforma digital de crédito para fazer a ponte entre consumidores e bancos. Em 2016, iniciou uma segunda fase para deixar de ser um marketplace e tornar-se uma empresa de crédito ponta a ponta, oferecendo o próprio crédito como uma empresa Sociedade de Crédito Direto e parceiros como a Santana Financeira, Sorocred e Companhia Hipotecaria Piratini (CHP). A empresa saltou de 100 colaboradores em 2016 para mil funcionários e focou em três verticais de crédito: consignado privado, home equity e financiamento a veículos.

“Em 2019 passamos para uma terceira fase a fim de criar um ecossistema de soluções para nossos clientes focando em três principais ativos: sua casa, seu carro e seu salário. Não só oferecemos crédito como também soluções, caso da troca do carro, reforma da casa por meio da Creditas Store, plataforma de compras de diversos produtos como iPhone, com desconto direto na folha de pagamento. Em dois anos, dobramos o número de colaboradores para 2 mil” elenca Furio.

Por enquanto, o foco da empresa continua no consumidor final, B2C. Mas 40% do crédito concedido hoje já vão para o pequeno empresário, que solicita o crédito como pessoa física e capitaliza sua empresa. “Outra forma que trabalhamos com o mercado B2B são as soluções para o departamento de recursos humano caso do consignado privado, lançado após a aquisição da startup Creditoo, antecipação de salário e benefícios corporativos e a Creditas Store”, diz Furio.

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Carmen Nery

Jornalista especializada na cobertura dos setores de tecnologia, inovação, varejo, infraestrutura e finanças, formada pela UFRJ com MBA em Gestão pelo IBMEC especialização em comunicação corporativa pela Cândido Mendes.

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