Krugman avisa: “nada dá certo se não houver estabilidade política e Estado de Direito”

O prêmio Nobel de Economia disse que, há pouco tempo atrás o mundo estava bem otimista com o desempenho brasileiro, mas depois foi surpreendido.
Paul Krugman defende Estado de Direito. Crédito-Febraban Tech
O economista disse que o mundo ficou surpreendido com o Brasil.

O economista norte-americano, Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008, acredita que o Federal Reserve ( o Banco Central dos Estados Unidos) continuará a subir as taxas de juros estadunidenses até ter evidências concretas de que a inflação  voltará para o patamar de 2% ao ano. Hoje, ela está em 5%, apesar de não ter apresentado qualquer crescimento no mês de julho. ” O Fed pode perder a credibilidade se não alcançar a meta de 2% e, por isso, vai continua a subir as taxas de juros”, afirmou ele hoje, 10, no Febraban Tech.

O economista vê, no entanto, o seu país com melhores condições de sair da crise econômica do que China ou a União Europeia. E acredita que as economias periféricas ainda vão passar por grande stress. Disse que, há pouco tempo atrás o mundo estava bem otimista com o desempenho brasileiro, mas depois foi surpreendido. “A razão desse otimismo ainda se aplica, mas nada dá certo se não houver estabilidade política e Estado de Direito”, vaticinou.

Embora avalie que a economia brasileira não esteja muito bem, pois o Brasil ainda tem uma dívida em dólar muito grande, Krugman acredita que a situação econômica do Brasil é bem melhor do que há 20 anos.

Mundo

Para Krugman, embora o Fed vá continuar a “apertar os cintos” visto que a inflação ainda não decresceu o suficiente, o que poderá provocar uma recessão econômica, os EUA têm condições de recuperação mais rápida do que os países europeus ou do que a China, que também apresenta sinais de desaceleração econômica.

“A inflação europeia não é tão alta, mas a Europa cometeu um erro tremendo de depender demais da energia e gás natural da Rússia”, afirmou. E essa dependência, em sua avaliação, é muito impactante porque o gás é a principal matéria-prima da indústria europeia. “E há uma história um pouco estranha por trás disso, pois a venda do gás natural da Rússia está sendo cortada pela própria Rússia”, afirmou.

Devido a essa enorme dependência é que a inflação na Europa trouxe um impacto muito mais sério do que nos Estados Unidos. “A Europa já está em recessão”, completou ele.

Já a China que, para o economista, é uma parte muito importante da economia global, não está conseguindo mudar a atual política de “Covid Zero”. E a continuidade do fechamento das cidades chinesas, em sua avaliação, deixa o país enfraquecido.

Embora ele avalie que a atual política econômica de elevação dos juros da moeda estadunidense acabe tornando os Estados Unidos mais atraentes para o investimento, o mundo não está mais tão dependente do dólar norte-americano. Ponderou, porém, que ainda há uma pressão financeira muito grande nos países em desenvolvimento. “Vencer a inflação não vai ser tão difícil como em anos anteriores, mas vai ser mais caro”, afirmou o economista.

Pandemia

Para o prêmio Nobel, as economias ocidentais acabaram se saindo melhor no pós-pandemia de Covid19 do que a China. “Há um ano parecia que a China era a grande vencedora, atuando de maneira mais eficaz com as limitações e restrições. “Mas os chineses continuaram a confiar na própria vacina e a acreditar em lock down a um custo muito alto. Os países ocidentais, por sua vez, conseguiram se sair muito melhor na segunda fase, pois aprenderam com as críticas. E essa são as vantagens da sociedade aberta, do sistema político onde pode se travar discussões livres”, defendeu.

Criptomoeda

Para Paul Krugman, não há um uso significativo para os criptoativos na economia global. “O bitcoin é mais velho do que o Ipad, existe há 13 anos. Mas não há casos de uso que não seja evasão da lei. Ainda não há nada que possa competir com o Banco Central e suas moedas”, afirmou.

Para o prêmio Nobel, os “intermediários financeiros” são a maior invenção econômica dos últimos séculos e não serão substituídos tão cedo. “Ter e poder transferir fundos através de conta bancária ou algo que esteja ligado a conta bancária vai perdurar”, concluiu.

 

 

 

 

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Redação DMI

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