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Governo consultará consumidores de rádio e TV sobre qualidade percebida

A proposta foi criticada pelo conselheiro Emerick, por entender que essa pesquisa poderia interferir sobre o conteúdo da TV
Elifas Gurgel (D) e Carlos Antunes Silva (E), do MCTIC, com Davi Emerich e Marcelo Antônio Cordeiro de Oliveira, do conselho / Geraldo Magela (Agência Senado)

O governo vai fazer pesquisa para consultar consumidores de rádio e TV sobre a qualidade percebida dos serviços, nos moldes de levantamento feito anualmente pela Anatel sobre serviços de telecomunicações, sem pretender criar controle social sobre o conteúdo das programações.

Essa consulta foi anunciada hoje, 18, pelo secretário de Radiodifusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), Elifas Chaves Gurgel, ao participar da 2ª reunião do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, que também recebeu o coordenador-geral de Comunicação Social do ministério, Carlos Antunes Silva.

O secretário fez referência à  Pesquisa de Satisfação e Qualidade Percebida, que é realizada anualmente desde 2015 pela Agência Nacional de Telecomunicações. Na semana passada, o órgão divulgou os resultados de levantamento realizado com 100 mil consumidores de telefonia fixa, celular, internet e TV paga, apontando melhorias na satisfação dos consumidores e a necessidade de mais avanços na qualidade dos serviços prestados.

De acordo com Gurgel, a pesquisa com os consumidores de programas de rádio e televisão será considerada como parte de uma das estratégias do governo federal para construir a agenda prioritária de projetos a serem propostos para o setor.

“Queremos saber o que as empresas querem do setor para que a gente possa traçar uma política aderente ao interesse público.Pretendemos entender qual a percepção do telespectador e do radiouvinte em relação ao conteúdo que está consumindo”, explicou.

O secretário anunciou ao levantamento ao ser questionado sobre propostas do novo governo para o setor. Disse que o Executivo não tem uma política já pronta para o setor de radiodifusão. Por isso, explicou, a estratégia é ouvir todos os segmentos interessados no tema e colher inicialmente a maior quantidade de informações possível.

Ideologia e diversidade

A ideia defendida pelo secretário foi criticada pelo conselheiro e jornalista Davi Emerick, representante da sociedade civil. Segundo o conselheiro, o plano apresentado por Gurgel poderá provocar revés de cunho ideológico para a produção cultural das emissoras.

“Em alguns momentos da nossa sociedade, em outras épocas, ouvir a sociedade na forma como o senhor está propondo poderia significar controle social. Vamos ouvir a opinião pública sobre o beijo gay na televisão ou cenas de nudez?”, questionou.

“Me parece que nos moldes como o senhor está propondo, mesmo que o senhor faça parte de um governo que se diz contrário a estes que pensavam em promover um controle social, nós estamos novamente discutindo uma forma de controle sobre a programação e sobre a mídia. Isso é muito perigoso”, acrescentou.

Em resposta ao comentário, o executivo do MCTIC argumentou que não é intenção do governo realizar qualquer tipo de controle sobre a produção das emissoras de comunicação.

“Queremos apenas ouvir o que a população brasileira acha do setor de radiofusão. Eu preciso saber qual a qualidade percebida. Nem passou pela minha cabeça ou dos meus assessores a questão de controle social”, disse Gurgel. “A diversidade de pensamento é de suma importância para a democracia”, reforçou

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