Confirmado no BNDES, Mercadante defende ampliar financiamento para indústria

Em anúncio, Lula ressalta seu perfil de investimento em inovação; ex-ministro acompanhou trabalhos do GT, que recomendou ampliação dos financiamentos para infraestrutura.
(Foto: Gabinete de transição/Reprodução)

O presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou nesta terça-feira, 13, que o ex-ministro Aloizio Mercadante assumirá a chefia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2023. O anúncio ocorreu durante solenidade de encerramento dos trabalhos dos grupos técnicos da transição, no Centro Cultural Bando do Brasil (CCBB), em Brasília.

“Nós estamos precisando de alguém que pense em investimento, em reindustrializar esse país, de alguém que pense em inovação tecnológica, na geração de financiamento ao pequeno, grande, médio empresário”, disse Lula em referência ao futuro presidente do BNDES.

Mercadante foi um dos coordenadores da comunicação da campanha da chapa Lula e Alckmin, e também o responsável pela coordenação geral dos grupos técnicos da transição. Na última semana, ao acompanhar coletiva do GT  da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o ex-ministro defendeu que o BNDES seja “instrumento para impulsionar a industrialização”.

“Hoje nós temos um BNDES que presta mais para a agricultura do que para a indústria. E ainda estamos assistindo o país se desestatizando, que é onde você gera mais valor adicionado, onde recolhe mais impostos, onde gera mais emprego, onde tem mais pesquisa, mais inovação”, afirmou Mercadante à imprensa.

Na mesma ocasião, Mercadante anunciou que o BNDES ficará vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que será recriado.

Projetos de infraestrutura

O GT que fez o diagnóstico do BNDES e contou com o acompanhamento de Mercadante também recomenda a ampliação dos financiamentos voltados para  infraestrutura, conforme compartilhou o ex-ministro do MDIC, Mauro Borges Lemos.

“A política econômica do governo atual não permite o BNDES opere debêntures de infraestrutura que são os mecanismos, instrumentos financeiros incentivados. Por quê o BNDES não pode operar se todos os bancos comerciais operam? Uma vez que se o banco operar esses papéis, melhora a capacidade de funding e de financiamento do investimento no Brasil?”, afirmou Lemos.

Outra recomendação é para revisão da TLP, principal custo dos financiamentos do BNDES. Segundo Lemos, “a TLP, como está estabelecida, não tem nenhuma efetividade do ponto de vista de financiamento do investimento no Brasil” e a ideia é que as taxas estejam mais relacionadas ao tempo de retorno dos recursos.

Mercado

O mercado já reagia de forma negativa aos rumores do anúncio nesta semana, considerando a expectativa de alteração da Lei das Estatais, já que a nomeação de Mercadante é barrada por dispositivo que veda a participação de pessoas com atuação política.

Lula mencionou a reação negativa no momento do anúncio e emendou com discurso sobre as privatizações. “Ouvi algumas críticas sobre você [Mercadante] assumir o BNDES. Eu queria dizer para vocês que não é mais boato. O Aloisio Mercadante será presidente do BNDES” […] Nós queremos dizer ao mundo inteiro, quem quiser embarcar venha, tem trabalho, tem projeto novo. Mas não venham aqui pra comprar nossas empresas públicas, porque elas não estão à venda”, disse Lula.

Reforma Tributária

Bernard Appy também foi anunciado pelo futuro ministro Haddad como o Secretário Especial para a Reforma Tributária. Segundo Hadda, as duas propostas de reforma que tramitam no Congresso Nacional serão a base para a discussão da reforma que o novo governo quer travar.

 

 

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura dos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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