Conferência no Egito decidirá o futuro do espectro disponível para 5G

Conferência Mundial de Radiofrequência definirá a destinação de ondas milimétricas. Brasil já definiu posição. Disputa gira em torno de faixas que podem gerar interferência em serviços satelitais, em frequências de 26 GHz e 40 GHz. Também pode haver atrito na definição de uso dos 66 GHz.
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Acontece a partir de 28 de outubro próximo, até 22 novembro, no Egito, a Conferência Mundial de Radiocomunicações 2019 (CMR-19). O evento vai reunir 3 mil delegados de 190 países para chegar a um acordo sobre a destinação de diferentes faixas de espectro para diferentes tecnologias. A intenção é harmonizar os usos, garantindo a escala do mercado e a interoperabilidade de tecnologias.

As operadoras móveis já estão há algum tempo pressionando os governos para que os representantes defendam a destinação do máximo possível de faixas de frequências para redes terrestres. Já empresas do setor de satélites lutam para preservar o espectro que usam para prestar seus serviços.

A GSMA, associação global das operadoras móveis, acusa os países da Europa de tentar limitar o uso de ondas milimétricas. Os europeus querem regras rígidas e amplas faixas de segurança entre as frequências para prevenir interferências. Mas as operadoras móveis dizem que os pedidos são exagerados.

“Os países europeus estão determinados a limitar o uso desse espectro devido a alegações infundadas de possível interferência nos serviços espaciais. Estudos técnicos independentes, apoiados por países da América Latina e seus aliados na América do Norte, África e Oriente Médio, demonstraram que o 5G pode coexistir de forma segura e eficiente com serviços meteorológicos, serviços comerciais por satélite e outros”, diz a GSMA, em nota.

O Brasil estará na conferência com representantes da Anatel. A agência já traçou suas propostas, que estão mais alinhadas à destinação do espectro às redes móveis, conforme apresentação recente do conselheiro presidente Leonardo Morais. E já irá propor início das conversas para decidir quais frequências serão usados por satélites para conversarem entre, uma vez que várias empresas preparam o lançamento de constelações numerosas de equipamentos de órbita baixa.

A GSMA calcula que o 5G decole na América Latina a partir de 2025. Estima que as conexões 5G atinjam 62 milhões na região até lá, equivalente a 8% do total de conexões na região. O Brasil responder por 26 milhões de conexões; México por 18 milhões; e Peru por 4 milhões.

O segmento corporativo e a IoT devem ser as primeiras fontes de novas receitas para as operadoras. A entidade diz, ainda, que a quinta geração vai gerar uma expansão econômica de US$ 20,8 bilhões, ou 1,2% de crescimento do PIB na América Latina, até 2034, e vai gerar US$ 6,8 bilhões em receita adicional de impostos para os governos. Daí os argumentos para reservar o máximo possível de espectro para a tecnologia.

A GSMA pede que os governos das Américas defendam na CMR-19 (ou WRC-19, em inglês), a reserva global de 6,5 GHz na banda de 40 GHz e a destinação da faixa de 26 GHz com -28 dB (W/MMHz) de faixa de segurança. Os europeus querem -42 dB. Também quer que os 66 GHz sejam não licenciados – o que os Estados Unidos não desejam, mas a Anatel defende.

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Rafael Bucco

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