Conectividade, IoT e startups ganham mais espaço em Agrishow 2018

Maior evento de tecnologia agrícola da América Latina, feira deverá bater recorde em geração de negócios com uma expectativa de R$ 2,7 bilhões

À medida que a agricultura de precisão ganha ferramentas mais sofisticadas, as plataformas digitais se tornam mais atrativas para agricultores que buscam melhores resultados e aumento da produtividade. Entram em cena, as soluções de IoT (Internet das Coisas) e de Inteligência Artificial (IA), de conectividade no campo, sistemas de gestão mais eficientes e outros recursos. Também cresce a presença das startups, consideradas aquelas que serão as inovadoras e ao mesmo tempo facilitadoras para o uso da tecnologia no campo.

Esse cenário foi claramente percebido em um dos maiores eventos de tecnologia agrícola mundial e o número 1 na América Latina, o Agrishow 2018 que se encerra hoje em Ribeirão Preto. Segundo organizadores, a movimentação de negócios pode chegar a R$ 2,7 bilhões, 22,7% a mais que o ano passado e ainda superando as expectativas iniciais deste ano, que eram de R$ 2,3 bilhões.

As soluções inteligentes e interconectadas estiveram presentes nos mais variados estandes, de fornecedores de maquinario para o campo a tradicionais players da área de TI e telecom. Uma luz verde em neon, por exemplo, interligava todas as novas máquinas lançadas no estande de um hectare da John Deer, sinalizando que havia condições de conexão de todas elas, entre elas ou a outras plataformas.

A companhia organizou seu estande de acordo com as diferentes fases de uma lavoura, divididas em quatro estações principais: preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheitas. No meio de tudo isso, o Operations Center, uma plataforma de dados online que integra diversas informações agronômicas, de máquina e produção.

O Centro de Operações Agrícolas (COA) também foi a maneira como a Logicalis decidiu expor aos visitantes a sua presença nesse mercado. Trata-se de uma solução com a qual o produtor rural passa a ter visibilidade em um só lugar e em tempo real, de cada etapa da produção: plantio, irrigação, monitoramento, colheita, armazenamento e transporte. A plataforma se alimenta de várias informações provenientes do campo mas também vai buscar dados públicos, como informações climáticas.

Presente em várias cadeias produtivas, a SGS Unigeo apresentou entre suas soluções a Univista Agro, que também permite monitoramento da fazenda, com a coleta de informações no campo podendo ocorrer de forma online ou offline a partir de um dispositivo móvel.

O Agrishow 2018 foi um marco para Strider, especializada em tecnologia agrícola. Durante o evento, foi anunciada a conclusão da venda da companhia para a Syngenta, empresa global especializada em sementes e produtos químicos que tem investido fortemente na agricultura digital.

Com mais de 2,5 milhões de hectares monitorados, a Strider tem soluções como a Tracker, uma rede proprietária que conecta toda a fazenda e mostra para qualquer pessoa com acesso à internet onde estão as máquinas, o Space, sistema que usa uma constelação de satélites para obter imagens com alta frequência das fazendas, ou o Protector, que utiliza um módulo georreferenciado que gera um mapa do calor pelo qual é possível localizar focos de infestação.

Startups

A Raízen, principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar e a maior exportadora individual de açúcar de cana no mercado internacional, além de um dos principais players na distribuição e comercialização de combustíveis no Brasil, é uma das grandes multinacionais que traz para a área agrícola o incentivo às startups. Ela é a promotora do Pulse, um hub de inovação que esteve presente no Agrishow 2018.

Entre as startups que se apresentaram via Pulse esteve a InCeres, que fornece softwares para a agricultura de precisão, a AgroSmart, que lançou um sistema de monitoramento de chuva além da plataforma Fazenda Inteligente, a @Tech, que foi criada a partir de trabalhos realizados na Esalq e a Horus, com drones conectados a sistemas inteligentes de monitoramento.

Pela primeira vez, a John Deere recebeu 20 startups em seu estande. Em parceria com a Agtech Garage, a empresa ofereceu às empresas convidadas o chamado Espaço de Compartilhamento da Inteligência, onde ganharam um espaço para a realização de reuniões e apresentações durante o evento.
Conectividade

A preocupação com a conectividade, um dos maiores gargalos no avanço da fazenda digital, permeiou várias discussões durante o encontro. Mas também foram apresentadas soluções, como a parceria da John Deere com a Trópico no lançamento do Programa Conectividade Rural, que oferece ao agricultor a solução de propagação dos sinais via pequenas antenas instaladas ao longo da lavoura.

A conexão via satélite também se fez presente. A Globalstar fez o pré-lançamento mundial do SmartOne Solar, dispositivo IoT que une tecnologia de comunicação via satélite à utilização de energia solar. A operação comercial está prevista para o segundo semestre, com expectativa de vendas de 1000 unidades ainda em 2018.

A Hughes apresentou o serviço de internet de banda larga via satélite, HughesNet, que é direcionado a regiões rurais e áreas afastadas dos grandes centros urbanos. “Levar internet para lugares onde não exista o serviço ou para locais em que as pessoas são desatendidas e sofrem com a falta de conexão de qualidade é o principal foco do produto”, comentou Rafael Guimarães, presidente da empresa.

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Wanise Ferreira

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