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Compra da Oi Móvel não é questão de “vida ou morte”, diz CEO da TIM

Para Pietro Labriola, aquisição traria crescimento, mas a TIM é um negócio sustentável independentemente do resultado das negociações. Falou também que a criação de uma operadora de atacado móvel, como na proposta rival pelos ativos da Oi Móvel, precisa de mudança regulatória e que MVNOs não teriam condições de competir com as teles tradicionais.

O CEO da TIM, Pietro Labriola, procurou jogar panos quentes sobre a disputa que vem sendo travada nos bastidores pela operação móvel da Oi. Ao menos dois grupos concorrem pelo ativo: a empresa de infraestrutura Highline, que propõe criar uma atacadista neutra celular – modelo inédito no país -, e o consórcio formado por Claro, TIM e Vivo, que ofertaram R$ 16,5 bilhões e o uso por longo prazo da rede da Infraco, a unidade atacadista da Oi que será criada.

Na conferência de resultados do segundo trimestre realizada hoje, 30, o executivo ressaltou que o negócio da TIM é sustentável com ou sem a consolidação, e que a empresa não apostas todas as fichas na aquisição para garantir a expansão futura.

“É importante destacar que o potencial que vemos nessa operação não se trata de vida ou morte. É importante ter mais banda, ter mais infraestrutura e mais escala. Mas nos últimos anos conseguimos desenvolver nosso negócio muito bem. Temos, portanto, todas as condições de prosperar independentemente do resultado dessas negociações. Será muito bom se acontecer. Mas, de toda forma, temos que aguardar a conclusão, dado que é um tema longo e complexo”, afirmou.

Labriola frisou que a venda da Oi Móvel depende, ainda, do aval dos credores da Oi. Três dos principais credores, os bancos Itaú, Caixa e Banco do Brasil, ainda não avalizaram a proposta de aditamento ao plano de recuperação judicial apresentado pela diretoria da concessionária. Um árbitro está mediando as negociações, conforme já explicou o juiz Fernando Viana, responsável pelo caso no TJ-RJ.

Mas ele disse acreditar que os credores vão aceitar o aditamento, e que a venda dos ativos móveis da Oi acontecerá ainda em 2020.

Novo concorrente

Labriola avalia que a proposta concorrente pelos ativos da Oi, feita pela Highline, é inovadora. E por isso demandará ajustes regulatórios antes de ser efetuada. “Pelo marco regulatório atual, não faz sentido integrar uma empresa de infraestrutura de atacado e uma rede móvel de varejo”, falou.

Uma abordagem considerando a criação de operadoras móveis virtuais (MVNOs) seria possível, mas ele associa o sucesso disso à necessidade de demanda e acordos com novos atores, como fabricantes automotivos e grandes varejistas, além da manutenção de parte da base em modelo tradicional.

“Se você quer se tornar MVNO e usar as frequências atuais de uma empresa que hoje não entrega a qualidade esperada pelo consumidor, não vou entrar em detalhes, mas a situação é que tem player que não consegue garantir a qualidade dos rivais, transformar esse player e MVNOs não vai aumentar as frequências para os clientes”, disse.

Mario Girasole, responsável pela área regulatória da TIM, acrescentou que, embora as regras para MVNOs no Brasil existam desde 2010, não há regulamento que preveja o atacado de clientes no móvel. “É preciso ter a licença e a capacidade de atender os clientes. Não pode ter espectro sem ter de atender as obrigações desse espectro”, disse.

Os comentários dos executivos estão em linha com o de outras fontes ouvidas pelo Tele.Síntese, e que afirmam que se a Highline comprar a Oi Móvel e desejar operar a carteira de clientes ou oferecê-la a MVNOs, terá de participar do próximo leilão de espectro da Anatel.

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