Teles vão explorar novos serviços graças ao Pix e ao open banking

Para executivos, a união entre operadoras e empresas do sistema financeiro pode gerar produtos personalizados e customizados para os clientes

O Pix e o open banking vão permitir que operadoras de telecomunicações ofereçam novos serviços a seus clientes. A avaliação é do diretor de Financial Products and Solutions da Claro, Maurício Roberto Santos, em participação na Futurecom Xperience, nesta terça-feira, 27. “As teles têm muito conhecimento de seus usuários, assim como as big techs, que podem participar também desses novos mercados”, disse.

Segundo Santos, não há previsão de a Claro entrar no mercado de serviços financeiros sozinha, mas poderá utilizar serviços de terceiros em seu portfólio. “A união entre teles e empresas do sistema financeiros pode gerar muitos produtos personalizados e customizados para os clientes”, afirmou.

Para o diretor da Claro, os novos produtos financeiros vão acelerar a bancarização das classes mais baixas, que sempre viveram à margem dos serviços bancários. No entanto, acredita que muitos precisarão ser treinados no uso das tecnologias, e nisso as operadoras de telecomunicações podem ajudar, dada a experiência delas com os clientes pré-pagos.

Santos disse que o sistema financeiro está vivendo um novo “big bang” com as novas regulações e tecnologias e as teles vão tirar proveito disso. “As operadoras enxergam vários usos do 5G para esse setor que, ao final das contas, garantem um melhor atendimento aos clientes”, ressaltou.

5G facilita o PIX

O diretor de Negócios da NEC, Wagner Coppede, entende que o 5G será o principal parceiro do Pix, em função da sua alta capacidade e baixa latência. Além disso, traz mais segurança, o que permitirá novos modelos de negócios.

Já o diretor de Customer Experience da Oracle, Maurício Blanco, vê o aumento do uso de tecnologias de inteligência artificial nos novos produtos financeiros. Isso permitirá que a próxima oferta ao cliente seja mais adequada, acredita.

O diretor de Solutions Consulting da Pegasystems, Miguel Assaf, disse que a pressão em cima dos bancos com os novos produtos é enorme e eles terão que investir mais em automação e atendimento ao cliente. “Nesse cenário, o uso da inteligência artificial é imprescindível”, salientou.

Open banking

O diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, Leandro Vilain, afirmou que o setor sempre investiu em tecnologia e é um dos mais avançados do mundo. Ele entende que o Pix é bem-vindo, até porque corta custos, e o open banking abrirá espaço para um operador financeiro, que agregará as informações de serviços na área financeira que são dispersos. Mas vê riscos no sistema.

Para Vilain, os bancos podem ocupar esse espaço ou não, já que representantes de outros setores terão permissão para atuar nessa camada intermediária. “São muitos desafios, muitas oportunidades mas há riscos de uma execução errada, facilitando fraudes”, afirma.

O Head de Inovação do Banco Carrefour, Charles Schweitzer, por sua vez, vê no Pix e no open banking mais oportunidades de bancarização da população de baixa renda e benefícios para o varejo, que deixará, por exemplo, de ter muitos custos com troco em dinheiro. “A inclusão bancária traz qualidade de vida para as pessoas”, afirmou.

Avatar photo

Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

Artigos: 1588