Claro quer leilão 5G sem aventureiros nem migração de TVRO para a banda Ku

Presidente da companhia diz que regras do leilão devem exigir uso do espectro pelo comprador e que solução para interferência da 5G na TVRO só pode ser o uso de filtros.

Para o comando da Claro Brasil, o governo precisa agir para evitar que o leilão de espectro 5G tenha como participantes “aventureiros”, que não sejam do mercado de telecomunicações mas queiram comprar frequências para revendê-las depois – possibilidade aberta com a criação do mercado secundário pela Lei 13.879/19. José Félix, presidente da operadora, disse hoje, 15, no Painel Telebrasil, que as regras do leilão devem trazer já a previsão que obriga o uso do espectro por quem o adquirir.

Só assim se afasta o risco de aquisição de espectro por aventureiros e especuladores que entrem no leilão apenas para revender depois a frequência”, afirmou.

O executivo também criticou a proposta do setor de radiodifusão de migrar os canais de TV aberta por satélite (TVRO) para o espectro de banda Ku. Atualmente, esses canais se encontram na maioria na banda C, e sofreriam interferências caso serviços de telefonia móvel em 5G fossem prestados na faixa de 3,5 GHz. Para Félix, o uso de filtros resolve os problemas de interferência a um custo muito mais baixo do que a migração dos canais para outra banda. A saída também seria muito mais rápida.

“A questão da interferência já foi muito estudada e já foi mostrado que pode ser mitigada através do uso de filtros. É uma discussão que não sei a quem interessa. Por que faríamos uma migração com custo de 3,5 bi de reais? Seria uma transferência de recursos públicos para a TV por satélite, beneficiando somente os radiodifusores. Não faz o menor sentido. Uma migração dessa natureza não é simples, demandaria muito tempo”, falou.

Vale lembrar que a Claro é dona do satélite mais utilizado para transmissão do sinal de TV em banda C, e prepara a ativação de outro satélite, com maior capacidade, em breve, por meio da subsidiária StarOne. E que a Anatel ainda não concluiu todos os estudos de campo sobre as interferências existentes na TVRO quando o sinal móvel em 3,5GHz é ativado em uma região. Também não existe regulamento ou lei que regule o mercado de TVRO, garantindo sua preservação.

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Rafael Bucco

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