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Claro estima OpenRAN maduro em 2021, mas vê desafios de integração

"Interfaces abertas previstas no 3GPP ainda não têm as suas especificações concluídas", explicou Carlos Carmardella em painel da Futurecom

A Claro considera que o OpenRAN não está maduro e ainda precisa definir algumas especificações, o que não deve estar concluído antes do primeiro semestre de 2021. A estimativa é de Carlos Alberto Camardella, consultor de telecomunicações na Claro, em apresentação hoje, 27, na Futurecom.

Ele destacou diversos aspectos positivos da tecnologia e traçou o cenário atual em que as operadoras têm de ficar presas a uma tecnologia em cada região, questões que o OpenRAN deverá equacionar. Mas, para isso, a arquitetura precisa  estar madura.

“Várias interfaces novas para o OpenRAN e também interfaces abertas previstas no 3GPP ainda não têm as suas especificações concluídas. Isso demostra que o ecossistema não está maduro. A previsão de estar fechado é no primeiro semestre de 2021, mas as camadas RIC (Radio Intelligent Controller, controlador inteligente por rádio) já vêm sendo testadas com sucesso por grandes operadoras, como a AT&T, e a Nokia, um grande fornecedor tradicional”, diz Camardella.

Ele destaca que grandes fabricantes aderiram à O-RAN, assim com uma série de pequenos fornecedores. Há uma pluralidade de soluções seja de hardware ou de software, incluindo o core de rede, o que é positivo. “A pluralidade de fornecedores já conseguimos atingir com o ecossistema da O-RAN. Falta agora fechar as especificações e testar muito para garantir que as partes interoperem. Essa é uma questão de evolução da tecnologia”, afirma o consultor da Claro.

Para ele, há três grandes desafios no OpenRAN: interoperabilidade, gerência e a integração. A interoperabilidade é complexa e inclui redes legadas e mesmo 5G. O desafio da gerência é que cada fornecedor tem seu próprio sistema, mas é preciso haver um sistema integrado para fazer contabilidade de falhas e correlação de alarmes. E a integração envolve a complexidade de lidar com diferentes fornecedores.

“O caso mais famoso é o da Rakuten, que, por causa de prazo, para não ter um delay muito grande na implantação, estava com dificuldade de integrar os rádios open, inclusive com problema de recebimento dos produtos. Usaram um fronthaul gateway, praticamente um tradutor de legado para interfaces abertas, para conectar os rádios clássicos”, conta Camardella.

Ele ressalta ainda que, na evolução da rede, há a dependência das especificações da O-RAN Aliance. Todos têm de chegar a um acordo para a evolução da especificação. “Temos dois caminhos básicos a seguir no OpenRAN. O primeiro é a operadora contratar um integrador de sistemas, que vai cuidar de tudo e, se houver um problema na rede, atar os nós. O segundo é montar uma equipe específica com skills dedicados fazendo o papel do integrador. Qualquer dos caminhos é preciso testar muito”, recomenda.

Everton Souza, especialista em wireless da Viavi Solutions, destaca que o OpenRAN possibilita um sistema aberto de vários fornecedores proporcionando uma competição mais saudável. A Viavi é focada em testes para operadoras como a Claro.

“A interoperabilidade e o desempenho end to end, serão, de longe, a principal preocupação de operadoras e fornecedores de um ambiente de OpenRAN. Hoje ter um único fornecedor simplifica tudo. Mas uma rede com unidade central, uma unidade distribuída e uma unidade de rádio, fornecida por diferentes fornecedores, o desafio será maior”, explica Souza.

Outro desafio é o gerenciamento de redes e de recursos, com a logística de sobressalentes, o que será um aprendizado para as equipes de operações. Entregar novas funções para orquestração de novos serviços será mais um desafio.

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