China será a “grande vitoriosa” da 5G em 2020, prevê consultoria

Europa ditará rumos da proteção de dados, privacidade e fiscalização, influenciando a criação de leis mundo afora - a exemplo do que aconteceu no Brasil. Corrida espacial vai se acirrar, com empresas acelerando lançamentos de satélites LEO, o que deve originar tratados para regular tráfego de foguetes e lixo deixado em órbita.

A consultoria norte-americana de estratégia empresarial ATKearney elaborou um relatório com previsões do que acontecerá no mundo em 2020. O material traz dez grandes tendências, como aumento do conflito entre gerações, onda de crises hídricas em diferentes partes do mundo, a expansão de uma “economia do desastre” em função do aumento de catástrofes, continuidade da valorização do dólar em relação a outras moedas. Algumas previsões tocam diretamente o funcionamento do setor de telecomunicações e tecnologia.

5G: China vai liderar

A primeira diz respeito à 5G. A consultoria afirma que, ao final de 2020, a China se tornará a “grande vitoriosa” da corrida pela implementação da próxima geração de redes móveis. Argumenta que nos países asiáticos a regulação e a liberação de espectro está avançada, enquanto na Europa as operadoras ainda engatinham.

Nos Estados Unidos, embora a liberação de faixas e redes com a tecnologia tenham sido ativadas no final de 2018, falta um fabricante local. Ao mesmo tempo, a boataria sobre os efeitos da 5G sobre a saúde tem atravancado autorizações para que as operadoras consigam instalar a quantidade ideal de antenas para fazer a tecnologia mostrar suas qualidades. Ainda pesa o fato de que parte do espectro mais desejado é reservado a agências de defesa.

Na China, o cenário é diverso. Embora o país tenha demorado mais a traçar sua estratégia para a 5G – o plano de ativação dessas redes se tornou oficial em outubro -, o gigante asiático conta com alguns dos principais fornecedores (Huawei e ZTE, banidas dos EUA) à frente da construção para as operadoras locais, que são também as maiores do mundo em quantidade de assinantes. Também terão celulares compatíveis. “A China vai lançar a 5G com a maior escala em 2020, proclamando o maior número de assinantes globalmente”, diz a ATKearney.

Privacidade: Europa vai influenciar o mundo

A preocupação com a privacidade de dados pessoais seguirá em alta em 2020. Segundo a consultoria, a regulação europeia, conhecida pela sigla GDPR (e que inspirou a legislação brasileira LGPD) continuará a servir de base para legisladores formularem regras mundo afora. Significa que o conceito de lei de privacidade de traga direitos dos usuários, obrigações para as empresas, e confere poder de fiscalização às autoridades, será o padrão.

O Brasil é mencionado pela ATKearney, uma vez que nossa LGPD entrará em vigor a partir de agosto de 2020, ao lado de Tailândia e o estado americano da Califórnia. Outros estados americanos devem apresentar propostas em suas assembleias, mas a tendência é que as eleições locais empurrem a discussão para o fim da lista de interesses dos cidadãos neste ano. Dessa forma, sem uma legislação federal, os EUA devem perder o bonde para os Europeus, que continuarão a ditar os rumos sobre o tema no mundo, como vão pressionar cada vez mais para que as empresas de tecnologia se submetam a fiscalização mais forte e tracem regras estritas de conformidade.

Espaço sideral: órbita lotada

Por fim, a terceira previsão da ATKearney que impacta diretamente o setor de telecomunicações diz respeito à colonização espacial. A consultoria lembra que em 2020 haverá o lançamento de múltiplos satélites, de diversos países, e de missões de exploração de outros planetas.

Destaca o lançamento e construção da rede Starlink, por parte da empresa norte-americana SpaceX. Tais lançamentos devem finalmente resultar na ativação do serviço de provimento de banda larga satelital da companhia, acelerando a competição no segmento, já disputado. Também terão início testes para lançamentos turísticos tripulados rumo ao espaço – para que ninguém tenha dúvidas de que a Terra não é plana. Isso levará os governos a começarem discussões sobre os limites da exploração espacial pelo setor privado.

Muitas empresas vão correr para colocar uma rede de satélites de baixa ou média órbita, a fim de fornecer banda larga: Amazon, Casic (China) e OneWeb entre elas. Até o Irã, primeiro país a demonstrar a viabilidade dessa faixa, vai retomar programa de ocupação da baixa órbita.

Com mais lançamentos, será preciso a definição de regras que evitem colisões. Na ONU, deve progredir trabalho para limitar o lixo espacial e organizar o tráfego, o que deve resultar em novas leis e acordo internacionais ainda em 2020. Os países também vão gastar mais para se equipar com satélites para o setor militar.

Além de tudo isso, se dará uma corrida espacial pela chegada a Marte. China, Emirados Árabes Unidos, Europa, Estados Unidos vão lançar missões rumo ao planeta vermelho entre julho e agosto. Todas com a finalidade de exploração daquele planeta. A Índia, por sua vez, prepara o lançamento de um foguete rumo ao Sol, para estudo da estrela que ilumina a Terra e outro para pousar na Lua. Israel também irá à Lua.

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Rafael Bucco

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