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Carta pela democracia divide setor de telecomunicações

Dois documentos, um promovido pela Fiesp e outro pela Faculdade de Direito da USP, têm ganhado apoio em diversos setores da economia. Grande maioria das teles não se posicionou.
Carta pela democracia divide setor de telecomunicações
(Crédito: Freepik)

Faltando dois meses para o primeiro turno da eleição presidencial, manifestos em defesa da harmonia entre os Poderes estimulam o posicionamento político de diversos setores econômicos. Um dos documentos é a carta pela democracia elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que soma mais de 680 mil assinaturas, mas sem a adesão da maioria das entidades de telecomunicações.

Um segundo documento, criado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), têm recebido apoio de banqueiros e empresários do comércio, mas ainda não teve conteúdo divulgado (saiba mais abaixo).

A carta pela democracia de autoria da USP tem apoio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

O Tele.Síntese apurou que a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) não pretende assinar a carta. Já a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom) não descarta o apoio, afirmando que “a adesão à carta ainda precisa ser aprovada em reunião do Conselho de Administração”.

A Conexis e a Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) não possuem posicionamento sobre o tema.

A reportagem questionou também a Feninfra (Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática ), ABT (Associação Brasileira de Telesserviços), Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas), Febratel (Federação Brasileira Das Prestadoras De Serviços De Telecomunicações Competitivas), Abes (Associação Brasileira das Empresas Software), Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) e Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

O que diz a carta pela democracia?

A carta de autoria da Faculdade de Direito da USP tem como referência de divulgação o mês de agosto por coincidir ao período em que, no ano de 1977, o professor Goffredo Telles Junior leu Carta aos Brasileiros, denunciando a ilegitimidade do então governo militar e convocando uma Assembleia Nacional Constituinte. Há um ato previsto para ocorrer na instituição em 11 de agosto, quando o documento será lido aos participantes.

O texto, intitulado de “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!“, defende a independência entre os Poderes da República, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, assim como o zelo à Constituição Federal. Ao enfatizar a iminência das eleições, afirma que o país enfrenta “desafios”.

“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”, consta no manifesto.

Além de citar a “incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, a carta pela democracia condena “ataques infundados e desacompanhados de provas” que “questionam a lisura do processo eleitoral”.

O manifesto ocorre em meio aos discursos recorrentes do atual presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, com insinuações contra a legitimidade do processo eleitoral brasileiro e críticas contra as instituições democráticas.

Carta da Fiesp

Outro documento, intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, foi elaborado pela Fiesp, mas ainda não teve conteúdo divulgado. Até então, o manifesto foi enviado às instituições convidadas a assiná-lo.

Questionada se há empresas de telecom, a federação não respondeu até a última atualização desta reportagem.

Entre as entidades que já declararam apoio ao manifesto da Fiesp, estão a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).

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