Campelo quer mais política pública para democratizar o 5G

Segundo o vice-presidente da Anatel, é preciso tomar cuidado para que a nova tecnologia não se transforme em uma ferramenta de divisão, de concentração de poder e recursos

O vice-presidente da Anatel, Emmanoel Campelo, disse, nesta sexta-feira, 25, que um dos principais desafios para implantação do 5G no Brasil é o social. “Que teremos 5G no Brasil é um fato, mas pode haver o risco de não estar disponível a todos, por isso a agência deve ter cuidado para que essa tecnologia não se transforme em uma ferramenta de divisão, de concentração de poder e recursos”, disse, em palestra no Ciab Febraban, congresso da indústria financeira. 

Segundo Campelo, o edital traz uma série de compromissos exigidos às proponentes vencedoras, para que levem o serviço a comunidade desassistidas e esse é só o primeiro passo. “A agência e o governo federal deve continuar trabalhando nas principais políticas públicas para garantir conectividade de qualidade a todos”, afirmou. 

A gerente-geral da IBM no Brasil, Katia Vaskys, disse que o impacto positivo do 5G vai se dar pela exploração de todo o potencial tecnológico e isso só vai ser possível por meio do uso de interfaces abertas e soluções baseadas em computação em nuvem e orientadas por um código aberto. “Quanto mais a gente permitir aos mais variados provedores uma competição igual, a gente vai conseguir oferecer soluções mais inovadoras, seguras e mais econômicas. Nós não temos mais espaço para tecnologias fechadas ou que impeçam a integração de componentes de software, de hardware de diversos provedores. Os sistemas fechados impedem a competividade, a inovação”, disse.

Segundo ela, a IBM apoia o desenvolvimento de padrões abertos, o que se chama de Open RAN e disse que a empresa tem feito avanços importantes para aplicar essa tecnologia, para realmente permitir a construção de modelos únicos. 

Para o vice-presidente de B2B da Vivo, Alex Salgado, os desafios são enormes, mas os benefícios da tecnologia são tão grandes, inclusive aquele de reduzir a desigualdade digital, que todas as dificuldades serão superadas. Ele defende, entretanto, que os dispositivos sejam acessíveis.

“Não adianta falar de rede 5G disponível, é preciso ter dispositivos que sejam acessíveis para todos, até porque a população de baixa renda não vai conseguir comprar um aparelho que custa de R$ 4 mil a R$ 5 mil, como acontece hoje”, disse. 

Já o CEO da Embratel, José Formoso, disse que o Brasil está avançando muito na implantação da nova tecnologia. “As redes passadas foram lançadas de cidade em cidade, mas o 5G terá outra força dentro das fábricas, dentro das fazendas, dentro dos hospitais, conectando privadamente as unidades porque permite uma convivência com as redes antigas, 4G e 3G”, disse. 

Formoso vêm uma aceleração “incrível” da economia em função das possibilidades do 5G. “As operações nas verticais serão iniciadas antes mesmo da cidade ser iluminada”, ressaltou. Enquanto o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Antônio Carlos Chiarello, vê no 5G uma oportunidade para se avançar na inclusão bancária de um grande contingente populacional. 

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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