BNDES transferiu R$873 bilhões à União nos últimos 8 anos

O BNDES transferiu ao Tesouro Nacional mais de R$1 trilhão após a correção pela inflação. Banco quer multiplicar empréstimos e baixar taxas cobradas de empresas inovadoras.

Mercante na divulgação do resultado de 2022

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou nesta terça-feira, 14, os resultados financeiros relativos ao exercício de 2022. Durante a coletiva de imprensa, o presidente, Aloizio Mercadante, afirmou que o banco repassou R$873 bilhões ao tesouro nacional durante os governos Temer e Bolsonaro. E criticou a iniciativa.

“Não é papel do banco [BNDES] repassar dinheiro para o Tesouro Nacional nessa velocidade e quantidade. Nosso dever é tornar a economia nacional mais competitiva e atrativa para o mercado”, disse Mercadante, em tom de ordem, durante a apresentação, que foi transmitida pela internet.

Adicionando correções, o montante transferido pelo BNDES nos últimos 8 anos (2015 até 2023) ultrapassa R$1 trilhão.

O BNDES, falaram os diretores, possui como objetivo o desenvolvimento econômico-social do país, incentivando a criação de novas tecnologias, tornando a economia nacional competitiva. Hoje, o banco encontra-se em dilema, com taxas de juros estáticas e um encolhimento contínuo do seu papel no desenvolvimento.

Por isso, a meta é dobrar desembolsos até 2026 e cobrar taxas de juros mais baixas que a TLP, especialmente para financiar o setor de inovação e transição energética.

Atualmente o BNDES utiliza em suas negociações a Taxa de Longo Prazo (TLP). Segundo o banco, a taxa limita os fatores de competitividade da empresa no cenário nacional e impede a inovação. “Na Alemanha, por exemplo, a taxa de juros é zerada para projetos de desenvolvimento sustentável. Não estamos pedindo subsídio, queremos melhores condições de atuar no mercado”, disse Mercadante.

Já sobre o repasse ao Tesouro Nacional, o banco solicitou ao Ministério da Fazenda a renegociação dos dividendos recebidos. Atualmente, o BNDES paga anualmente 60% de todos os seus ganhos ao caixa do governo. Com a mudança, a empresa espera conseguir diminuir a parcela do repasse dos recursos para até 25%. A decisão ainda não foi tomada.

“Queremos um BNDES maior, mais presente na economia no futuro. Hoje, nos encontramos em um patamar igual a de 2008, porém nossa participação da economia diminuiu desde então”, finalizou Mercadante.

Segundo os dados apresentados, o banco obteve um lucro líquido recorrente de R$ 12,5 bilhões em 2022, 46,5% mais que em 2021.

** É estagiário de jornalismo do Tele.Síntese

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Ettory Jacob*

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