BID: Brasil precisa buscar maior integração com países vizinhos

Presidente do BID lembra que o banco tem linha para financiar ISPs e operadoras, mas diz ter interesse em entrar também nas discussões sobre infraestrutura crítica e privacidade de dados.

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, defendeu nesta terça-feira, 28, que o país persiga maior integração com os vizinhos e amplie as cadeias de valor locais.

Ele disse que o BID está interessado em “participar de discussões sobre proteção de infraestrutura crítica e privacidade de dados” e sugeriu que o Brasil promova ao máximo integração regional e aprofunde a capacidade produtiva local tecnológica.

Carone repisou a Visão 2025, plano do BID para a retomada econômica da região e evitar que a pandemia de Covid-19 deixe como marca mais uma década perdida para os países da América Latina e Caribe. Para tanto, ele propõe que os países irriguem financeiramente iniciativas inovadoras. Além de contribuir para acelerar a conectividade, propõe incentivos ao desenvolvimento de empresa inovadoras – como as fintechs.

“O Brasil vai precisar de US$ 20 bilhões para chegar ao nível de penetração média de banda larga da OCDE”, lembrou.

Acordo com Anatel

Para contribuir com a recuperação brasileira, o BID assinou com a Anatel no começo do ano acordo para realizar o projeto C2DB. Trata-se da criação de uma base de dados complexa a respeito da infraestrutura de teleocmunicações que será terminada até dezembro e, disse, permitirá identificar com precisão onde há carência de infraestrutura e precisa-se de ação governamental para resolvê-la.

O BID também fechou parcerias com a Confederação Nacional de Municípios e a Frente Nacional de Prefeitos para apoiar iniciativas locais e rever os marcos regulatórios para a área, para simplificar e acelerar o licenciamento para implantação de infraestrutura.

Carone contou que o BID vem realizando um piloto de educação conectada no Alagoas, onde há conexão de 300 escolas. Sua expectativa é que do piloto saia um padrão de adoção tecnológica que possa ser replicado em 60 mil escolas do países e contemple 15 milhões de brasileiros.

Papel de destaque

O executivo reforçou que o Brasil tem papel decisivo e pode servir de exemplo para a digitalização da região, uma vez que tem hoje a maior quantidade de espectro alocado para operadoras, maior fatia da população com acesso a smartphone e maior quantidade absoluta de provedores de banda larga.

Mas isso tudo, por si só, não é suficiente sem políticas públicas e trabalho em conjunto com a iniciativa privada. Carone defendeu o acesso a ISPs da linha de crédito de US$ 1 bilhão do BID para investimentos em infraestrutura de telecomunicações. Ele participou neste manhã do último dia do evento Painel Telebrasil.

Citando dados da IDC Brasil, disse que a digitalização da economia brasileira fará o país ampliar o PIB em US$ 9 bilhões até 2024. Para tanto, é preciso a adoção de políticas de incentivo à digitalização de pequenas e médias empresas e ampliação da capacidade da população de acessar o teletrabalho, a telessaúde e a teleducação.

“Fechar o gap de conectividade na região da América Latina apenas entre os países da OCDE poderia aumentar o PIB da região em 7,7% e criar mais de 15 milhões de empregos”, afirmou.

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Rafael Bucco

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