BC eleva taxa de juros a 13,25% ao ano, maior desde 2016

Esta é a décima primeira alta da taxa de juros, sequência que começou em março de 2021, quando a Selic estava fixada em 2%.
BC eleva taxa de juros a 13,25% ao ano, maior desde 2016 - Crédito: Freepik
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira, 15, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 13,25% a.a. A decisão confirma as expectativas do mercado, mas surpreende quando a nota do comitê avisa que a próxima reunião poderá definir “um novo ajuste de igual ou menor magnitude”, quando se esperava o fim do ciclo de aperto monetário.

Esta é a décima primeira alta da taxa de juros, sequência que começou em março de 2021, quando a Selic estava fixada em 2%. O objetivo principal do BC é diminuir a inflação – hoje o IPCA está em 11,73% na soma dos últimos 12 meses – para dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, quando o alvo era 3,75% ao ano, a inflação fechou acima dos 10%. Neste ano, a meta está nos 3,5%, e o teto, em 5,00%.

Para 2023, a meta de inflação definida pelo CMN é de 3,25%, com intervalo para cima e para baixo entre 1,75% e 4,75%. As projeções de inflação do Copom situam-se em 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024.

Ambiente externo e inflação ao consumidor

Segundo comunicado divulgado no início da noite, o comitê considera “apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, enfatizando que os aumentos são para combater a alta inflação no país e atingir as metas anuais.

Entre os motivos apresentados pelo comitê para mais um aumento na taxa de juros estão o “ambiente externo que seguiu se deteriorando”, em referência especialmente ao aperto monetário nos Estados Unidos, e “a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente”, apesar da atividade econômica brasileira ter crescido mais do que o esperado.

“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023”, afirma a nota.

A nota do Copom também comenta a redução temporária de impostos incidentes sobre os combustíveis, a partir da aprovação do limite do ICMS pela Câmara dos Deputados, como uma medida não muito favorável. “Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”, revela o comunicado.

Por fim, o comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

“Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude e enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, conclui.

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Redação DMI

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