Avanço da convergência tem que superar barreira da renda, dizem executivos

A compra de produtos convergentes pelos clientes enfrenta a barreira a renda. Além de políticas públicas, o avanço da convergência precisa de produtos de vídeo que não se limitem ao entretenimento.
Márcio Carvalho, diretor de Marketing da Claro Brasil

O avanço do tráfego de vídeo é inexorável e todas as previsões mostram o crescimento inexorável de seu tráfego. Dados dados da Huawei para o cenário de 2025, quando o mundo terá 100 bilhões de conexões, já indicam que o vídeo será responsável por 89% do tráfego total na rede, contra 68% do total atual. Naquele ano, 85% das aplicações estarão na nuvem, 86% das empresas estarão usando inteligência artificial em alguma aplicação e haverá 440 milhões de usuários de Realidade Virtual e de Realidade Aumentada.

Mas o avanço dos pacotes convergentes, no Brasil, enfrenta a barreira da renda. “Todos os usuários das classes A e B têm pacotes convergentes”, relata Márcio Carvalho, diretor de Marketing da Claro Brasil, um dos debatedores do painel sobre convergência no Encontro Tele.Síntese que se realizou hoje, 11, em Brasília. Mas nas classes D e E a presença de pacotes convergentes não é frequente: “Nesses segmentos, há tanto o problema da renda, como as vezes o de conectividade”.

Luiz Alexandre Garcia, CEO do Grupo Algar

Mesmo os usuários que têm pacotes convergentes, quando enfrentam problemas econômicos, tendem a cortar na oferta de vídeo, no caso da TV paga. “Diminuem primeiro o número de canais”, diz Luiz Alexandre Garcia, CEO do Grupo Algar. Por isso, ele entende que o avanço da convergência depende da criação de um modelo de negócio onde o vídeo não seja só entretenimento, mas envolva produtos que criam valor para a pessoa e para a empresa. Nesse sentido, o Grupo Algar está desenvolvendo um projeto com universidades para criar produtos de ensino a distância para escolas e para empresas.

O desenvolvimento de conteúdo e de serviços digitais deve ser um caminho, na avaliação de Maurício Fernandes, diretor do banco Merrill Lynch, para as operadoras de telecom gerar valor para o negócio e aumentar a sua rentabilidade, bastante deprimida em relação a outros mercados. Carvalho, da Claro Brasil, relata que a empresa já tem investido nessa linha de conteúdo tanto para a Tv por assinatura quanto para o celular.

Juelinton Silveira, diretor de Comunicação e Negócios Governamentais da Huawei, também vê no vídeo um novo segmento de serviços para as operadoras ao mercado corporativo na área de segurança, seja para a administração pública seja para empresas. Como exemplo, citou os projetos de segurança para cidades inteligentes com a gravação de imagens em câmeras. “Esse é um novo serviço que pode passar a ser oferecido”, disse.

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Lia Ribeiro Dias

Seu nome, trabalho e opiniões são referências no mercado editorial especializado e, principalmente, nos segmentos de informática e telecomunicações, nos quais desenvolve, há 28 anos, a sua atuação como jornalista.

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