AT&T tem pressa para se desfazer dos ativos não estratégicos

Com dívida de US$ 153 bilhões, AT&T prevê conclusão da venda de parte da Directv ainda em agosto e antecipação da venda da WarnerMedia. CEO pouco comentou a venda da Vrio, dona da Sky Brasil, anunciada ontem.
O CEO da AT&T, John Stankey, na edição de 2017 do Mobile World Congress
O CEO da AT&T, John Stankey, na edição de 2017 do Mobile World Congress

O conglomerado norte-americano de telecomunicações AT&T revelou hoje, 22, seus resultados do segundo trimestre, no qual registrou alta de 7,6% nas receitas ano a ano, para US$ 44 bilhões. Já o lucro líquido cresceu 23%, para US$ 1,51 bilhão.

Na apresentação dos resultados a analistas de mercado nesta manhã, o CEO da companhia, John Stankey, afirmou que a venda de ativos não estratégicos está seguindo ritmo acelerado e deve se encerrar antes dos prazos inicialmente estimados. Não entra neste comentário, porém, a venda da Vrio, empresa de TV paga presente na América Latina e dona da Sky Brasil, cuja venda foi anunciada ontem.

Stankey se referiu à venda de parte da Directv dos Estados Unidos ao fundo de investimentos TPG, transação que deve ser concluída ainda em agosto. A operação resultará em uma joint venture. A AT&T vai receber US$ 1,8 bilhão do TPG, e outros US$ 5,8 bilhões da joint venture após sua formação.

Outra grande venda, a da WarnerMedia ao grupo Discovery por US$ 43 bilhões, também deve ser concluída antes do previsto. “Queremos sair rapidamente desses negócios, no ponto em que a combinação com o parceiro ideal apenas amplia as oportunidades de sucesso dali em diante”.

A pressa em vender ativos tem motivo. A AT&T quer reduzir o endividamento de US$ 153,7 bilhões e investir em 5G nos Estados Unidos para fazer frente à concorrência de Verizon e T-Mobile. No último ano, a AT&T investiu US$ 60 bilhões na quinta geração, em fibra e em conteúdo, inclusive com a aquisição de espectro.

América Latina

A venda da Vrio, dona da Sky Brasil, para o grupo Werthein da Argentina, não mereceu destaque por parte do CEO na apresentação desta quinta, no entanto. O valor do negócio não foi revelado – ele manteve como único detalhe conhecido que o grupo deu baixa contábil de US$ 4,6 bilhões relativos à Vrio e que houve ainda impacto de US$ 2,1 bilhões na unidade em função de variações cambiais.

No trimestre, a Vrio faturou US$ 749 milhões, uma queda de 0,4% em relação ao mesmo período de 2020. A unidade apresentou perdas de US$ 23 milhões para a AT&T, resultado melhor do que as perdas operacionais de US$ 28 milhões registradas um ano antes.

Também a base de clientes da Vrio caiu 3,2% na comparação ano a ano, para 10,32 milhões de acessos. A maioria dos desligamentos se deu no Brasil, em serviços da Sky. O EBITDA (lucro antes de impostos, amortizações e depreciações) da Vrio caiu de US$ 91 milhões no segundo trimestre de 2020 para US$ 89 milhões agora.

HBO Max

Embora tenha vendido a WarnerMedia, que controla a HBO Max, para o grupo Discovery, o CEO da AT&T deu grande destaque à evolução do serviço nos resultados do trimestre. Em um ano, os assinantes de HBO e da HBO Max pularam de 36,3 milhões nos EUA para 47 milhões.

As receitas da WarnerMedia saltaram 31%, para US$ 8,8 bilhões. A base de assinantes da HBO Max deverá atingir a meda de 70 a 73 milhões de assinantes no mundo até o final do ano, em comparação com os 67 milhões de agora.

A AT&T apresentou crescimento da receita em telefonia móvel de US$ 17,1 bilhões para US$ 18,9 bilhões ano a ano. Nos serviços fixos, a receita caiu de US$ 6,3 bilhões para US$ 6,1 bilhões no B2B, e se manteve estável no B2C em US$ 3,1 bilhões, com migração de clientes de tecnologias legadas para fibra óptica.

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Rafael Bucco

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