AT&T registra prévia do pedido de IPO da DirecTV Latin America

Nova empresa se chamará Vrio e reunirá as operações da DirecTV nos países de língua espanhola das Américas e no Brasil. Relatório aponta, ainda, que Sky Brasil faturou US$ 2,8 bilhões em 2017, mas terminou o ano com prejuízo operacional.
(Crédito: Shutterstock Isak55)
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A AT&T registrou hoje, 7, na SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, sua intenção de realizar a abertura de capital da DirecTV Latin America. A subsidiária reúne toda a operação de TV por assinatura do grupo na América Latina – inclusive as operações da Sky Brasil. Após o IPO, a DirecTV Latina America passaria a se chamar Vrio.

A unidade brasileira, aliás, é o negócio que mais fatura dentro da Directv Latin America. Em 2017, teve receitas de US$ 2,8 bilhões, após crescer 6,2%. O EBITDA (lucro antes de pagamento de impostos e amortizações) foi de US$ 679 milhões, um aumento de 14,5%.

A Sky registrou prejuízo operacional de US$ 81 milhões no ano passado. Mas aumentou os investimentos, que passaram de US$ 418 milhões em 2016 para US$ 460 milhões em 2017. A receia média por usuário foi de US$ 43,35.

O grupo DirecTV Latin America teve receitas de US$ 5,5 bilhões em 2017, lucro operacional de US$ 48 milhões e luco líquido de US$ 213 milões.

Combos com internet

O documento é uma espécie de rascunho ou versão preliminar do prospecto para o IPO, se este for de fato realizado. Revela que a operadora tem planos para ampliar a cobertura além da TV paga. Pretende crescer no mercado de banda larga em três países: Argentina, Brasil e Colômbia. Nos três, juntos, tem 567 mil assinantes de internet fixa e cobertura de 7,9 milhões de residências.

O foco da banda larga recai sobre áreas pouco ou nada atendidas. “Nossa estratégia é investir em serviços de banda larga fixa como um apoio aos nossos serviços de entretenimento digital e maximizar o uso de torres e a posse do espectro que temos”, diz a companhia no relatório ao mercado. Segundo ela, a venda de combos, conjunto de TV e internet, é uma oportunidade nesses países para atrair novos clientes e reduzir o churn.

Aqui no Brasil, a Sky vende planos de banda larga fixa usando rede móvel LTE, em algumas cidades. A frequência é a de 2,5 GHz, adquirida no último leilão realizado pela Anatel.

Ameaças

O documento registrado na SEC detalha as oportunidades e ameaças que a Vrio deve enfrentar nos próximos anos. Destaca que há leis obrigando o carregamento de canais abertos, inclusive no Brasil, que aumentam o custo da operação e afetam a capacidade dos satélites. E o custo dificilmente poderá ser repassado ao consumidor. Afirma, ainda, que o país tem passado por um momento de instabilidade, assim como outros mercados da América do Sul.

Ressalta que na região pode produzir conteúdo exclusivo para se diferenciar, exceto no Brasil. Aqui ela é impedida por lei de deter conteúdo, o que dificulta a diferenciação. Diz, ainda, que os demais países podem seguir o modelo brasileiro. Também diz que há leis locais que impõem cotas de programação nacional e que poderiam interferir nos resultados da empresa. Avisa, por fim, que só pode, por lei, aumentar preços uma vez ao ano.

Custos com Anatel

A AT&T conta no relatório que está em negociações com a Anatel e em litígio com diversos estados brasileiros. Com estes últimos, questiona os critérios de cobrança de ICMS, que em alguns casos, chegam a onerar a fatura em 150%, afirma.

Com a Anatel, negocia uma forma de reduzir a cobrança sobre os direitos de aterrissagem. Segundo a empresa, o valor cobrado pela agência aumentou 22 vezes desde 2007. “Consideramos os novos valores indevidos e estamos em discussões para baixá-los. Até o fim das negociações, preferimos não usar certos transponders do satélite SKY B-1 para evitar pagar as taxas desses direitos de aterrissagem”, explica a companhia.

O relatório completo registrado na SEC está disponível aqui.

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Rafael Bucco

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