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Aos britânicos, Huawei diz que vem sendo acusada sem provas

Diferentes países colocaram a fabricante chinesa em lista de fornecedores que ameaçam a segurança nacional. Nenhum, no entanto, foi capaz de mostrar indícios que justifiquem o gesto.

O parlamento do Reino Unido enviou em meados de janeiro uma série de perguntas à Huawei relacionadas  à segurança de seus produtos. Os britânicos querem saber se a empresa se sujeita a leis chinesas que obrigam fabricantes a colaborar com a agência de inteligência local.

Em resposta às perguntas, a companhia afirma que fornece produtos para operadores mundo afora há 30 anos. Nesse período, diz, 1,5 mil empresas compraram seus equipamentos, em 170 países. Na prática, 3 bilhões de pessoas usam serviços de telecomunicações que dependem de algum dos seus produtos.

“Nosso histórico de segurança é evidente: nossos equipamentos funcionam de forma estável e nunca experimentamos nenhum incidente sério de segurança”, afirma em carta Ryan Ding, presidente da divisão de operadoras da Huawei.

Ele ainda provoca os rivais, afirmando que recentes quedas em redes de telecomunicações no Japão e no Reino Unido não foram “ocasionados por produtos Huawei”. Em dezembro, uma falha em software da Ericsson derrubou a rede móvel para usuários em 11 países, por cerca de quatro horas.

Afirma, ainda, que um terço dos materiais usados nos equipamentos vêm da China. O restante é obtido de fornecedores de diferentes partes do mundo. O mesmo vale para empresas concorrentes. “O nome de um fabricante estampado em um equipamento não é indicativo de ameaça. Tipicamente, estas vêm de agentes externos nocivos que exploram vulnerabilidades”, defende-se.

Acusasões 

A Huawei é acusada nos Estados Unidos de burlar embargos financeiros ao Irã e roubo de propriedade intelectual, e vem sendo banida do mercado 5G em diversos países sob a desculpa de que colabora com o governo da China na prática de espionagem.

Ding, no entanto, diz que tudo isso é infundado. “Os governos que tacharam a Huawei como ameaça à segurança nacional nunca fundamentaram tais acusações”, alega. Ele afirma que a segurança está no DNA dos equipamentos fornecidos e que a empresa tem práticas corporativas, organização, processos, gerenciamento, tecnologia e padrões  que atendem a requisitos de cibersegurança em todo o mundo.

Ele ainda explica a situação da empresa em cada país onde vem sofrendo retaliações. Afirma que no Canadá, onde a CFO Sabrina Meng foi presa a pedido dos EUA, não houve qualquer restrição ao uso dos equipamentos. Na Nova Zelândia, o governo vetou a proposta de implantação de rede 5G de apenas uma das operadoras. Na Austrália, o banimento aconteceu no 5G, mas o fornecimento de soluções em outras tecnologias é livre. E mesmo nos EUA as restrições apenas proíbem fundos federais de investirem em redes feitas com produtos Huawei.

Remédios

Ding afirma que a Huawei pretende investir US$ 2 bilhões nos próximos cinco anos apenas no Reino Unido, onde tem um laboratório de segurança cibernética. Afirma, ainda, que é verdade que os produtos não são perfeitos e que exigem constante aperfeiçoamento. Segundo ele, é possível começar já a melhorar a engenharia do software dos produtos, mas os resultados práticos serão sentidos em três a cinco anos.

“A Huawei é a única fabricante de equipamentos de telecomunicações que voluntariamente abraçou um alto nível de escrutínio governamental em todo o mundo. Achamos que os parlamentares devem encorajar a colaboração com reguladores de uma forma mais transparente. Isso vai ajudar a todos a identificar e mitigar riscos”, acrescenta.

Por fim, ele nega que haja lei na China que obrigue os fabricantes a instalar backdoors nos equipamentos. Diz que nunca o governo chinês solicitou à empresa que espionasse ou permitisse a espionagem de comunicações em outros países. Diz, ainda, que nenhuma empresa pode ser punida por desobedecer ordens para espionar comunicações ou desabilitar redes. “Se Huawei recebesse ordem semelhante e recusasse, não estaríamos sujeitos a nenhuma penalidade”.

E conclui que a empresa pretende honrar o compromisso firmado no passado com o governo britânico de investir £ 3 bilhões no país até 2023 a fim de ampliar a inovação conjunta com os “clientes e institutos locais de pesquisa”.

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