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Anatel estima custo de R$ 20 bilhões para limpeza de postes em 1,4 mil cidades brasileiras

Estudo elaborado pela área de competição da Anatel estima que para fazer o reordenamento dos cabos de telecomunicações que lotam os postes das concessionárias de energia elétrica em 1,4 mil cidades brasileiras iria custar R$ 20 bilhões. Por isso, propõe o operador de infraestrutura neutro.

 

Com a implantação da internet móvel de 5º geração (5G), é preciso encontrar uma solução aos problemas de infraestrutura passiva, especialmente em área urbana. Neste caso, a criação de uma operadora de infraestrutura, que ficaria responsável por gerir a ocupação dos postes de energia elétrica, poderia ser uma dessas alternativas, visto que a questão da infraestrutura é um dos principais gargalos do setor. A criação de um operador neutro de rede de infraestrutura é uma das propostas apontadas por estudo da Superintendência de Competição da Anatel.

De acordo com o estudo, a solução se daria por meio do uso compartilhado de uma fibra apagada, ou seja, pelo uso de uma estrutura de cabeamento e rede em fibra que não está sendo utilizada, mas encontra-se configurada e instalada perfeitamente, de modo que pode iniciar a transmissão de dados a qualquer momento que seu proprietário ou usuário deseje. No caso, essa rede tem como característica ser neutra para o uso de qualquer empresa. Tem como vantagem a possibilidade de evitar ociosidade operacional, já que algumas empresas passam o cabo e só usam 10% da capacidade (motivo para poluição visual nas grandes cidades).

Desta forma, diz o levantamento, pode-se ter várias empresas compartilhando a mesma rede e com eficiência. “A presença deste tipo de empresa deve ser incentivada pelos agentes reguladores, fazendo com que a distribuidora de energia elétrica transfira a exploração da faixa compartilhada para um agente de perspectiva neutra”, sustenta.

A Anatel estima que o reordenamento das redes aéreas em 1,4 mil cidades com mais de cinco prestadores de telecomunicações poderia custar mais de R$ 20 bilhões, porém o tema é sensível sobretudo para provedores regionais, que têm enfrentado relacionamento conturbado com distribuidoras de energia elétrica.

Pela proposta, essa mesma empresa de infraestrutura também poderia funcionar como uma operadora de rede, que passaria a oferecer o acesso ao backbone e bakchaul no atacado para as demais operadoras. Neste caso caberia ao mercado encontrar a melhor solução, enquanto na hipótese da operadora de infraestrutura de postes, esta poderia ser regulamentada pelas agências reguladoras envolvidas, principalmente a Anatel e Aneel.

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A Anatel cita outro tipo de compartilhamento de infraestrutura, que ocorreu recentemente (quarto trimestre de 2019), no qual a American Tower lançou um conceito até então inédito de rede de acesso em fibra compartilhada, cujo projeto piloto será em Belo Horizonte. A empresa pretende utilizar a infraestrutura da antiga Infovias, pertencente à Cemig Telecom (que foi adquirida pela American Tower no final de 2018) para levar rede de fibra “aberta” a cerca de 300 mil domicílios (Home Passed) da capital mineira.

A rede poderá ser utilizada por outras operadoras de telecomunicações que pretendam comercializar serviços de banda larga, vídeo e voz baseados em FTTx. A novidade do modelo trazido pela American Tower é que a parte de infraestrutura (dutos, energização, centro de operação etc.) e a própria rede de fibra da operadora ficarão totalmente compartilhadas com quantas operadoras desejarem. O compartilhamento se dará no nível do “feixe de luz”, se necessário.

“A mágica por trás do modelo está em uma rede virtualizada em que, sobre as OLTs (Optical Line Terminal), há uma camada de software que permite a operação de diferentes assinantes de diversos provedores de serviços, com parâmetros diferentes para cada um, como se fosse uma OLT virtual”, aponta o relatório da Anatel.

Leia aqui a íntegra do estudo:

 

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