Apagão no Amapá afeta redes de telecom, ativas apenas em locais prioritários

Ministro Fábio Faria diz que governo está providenciando combustível para geradores elétricos das operadoras. Anatel negocia prioridade para as teles quando houver retorno da energia, o que deve acontecer por completo apenas em 10 dias.

O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT) assinou hoje, 6, o decreto que estabelece situação de emergência no Amapá em função do apagão que atinge o estado e deixa os municípios sem energia e, por causa disso, sem água e oferta regular de serviços de telecomunicações, a exemplo de internet e telefonia também considerados serviços essenciais à população. Na noite de quinta-feira, a prefeitura de Macapá, capital do estado, assinou decreto de calamidade pública com a justificativa de que encontra dificuldades para comprar insumos básicos.

O estado entrou, nesta sexta-feira, no quarto dia de apagão. Dos 16 municípios do estado, 13 estão sem eletricidade, o que corresponde a 89% da população. A falha afeta diversos serviços, como postos de gasolina, caixas eletrônicos e máquinas de cartão, água encanada e redes de telefonia fixa, móvel e de internet, que atuam de forma limitada.

O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque prevê 10 dias para restabelecer a rede elétrica. Cerca de 70% da energia será reativada com o envio de novos geradores ao Amapá. Um gabinete de crise foi criado pela pasta.

O Ministério das Comunicações também participa do gabinete. Segundo o ministro Fábio Faria, combustível está sendo fornecido para as operadoras de telecomunicações, a fim de abastecerem os geradores utilizados para manter as redes ativas.

“Os serviços de telecomunicações funcionam por geradores, de maneira precária”, afirmou Faria em sua conta no Twitter. Também está fornecendo conectividade por satélite, segundo ele. Procurada, a Telebras, que opera o satélite brasileiro SGDC, não detalhou o que está sendo feito.

Anatel

O problema mobilizou a Anatel, que enviou um emissário para participar do Comitê de Crise criado pelo governo do estado para enfrentar o problema. Este representante negociou a priorização de envio de parte do combustível existente para abastecimento dos geradores dos principais sites das operadoras no estado. Mas não será possível restabelecer a cobertura completa de telecomunicações até que a energia elétrica retorne e todas as cidades.

A superintendência de controle de obrigações (SCO) é a área da agência responsável pela gestão de risco contra interrupções de serviços de telecomunicações e também responsável por coordenar a reação a tais incidentes. Segundo o superintendente Gustavo Borges, o combustível negociado será usado para abastecer os geradores das principais antenas e de sites que garantem a conectividade em parte das cidades, em hospitais, delegacias e penitenciárias.

“Estes sites têm baterias, mas estas duram apenas seis horas. Então precisam do gerador. Mas em uma situação como essa, toda a população recorre a combustível para alimentar seus geradores, o que gera escassez de combustível”, explica.

O representante da Anatel no comitê também trabalha para que a Companhia de Eletricidade do Amapá priorize o restabelecimento da energia aos sites das operadoras, quando a rede elétrica for reparada, o que deve demorar mais dez dias.

“Estamos em contato com a CEA para priorizar o retorno de carga para as estações de telecom. Já indicamos essas estações”, afirmou Borges ao Tele.Síntese. Segundo ele, as operadoras devem se preparar e enviar mais geradores e baterias para as estações afetadas.

Operadoras

A Conexis Brasil, entidade que congrega as operadoras de telefonia, afirmou que as empresas estão trabalhando para manter o funcionamento de suas redes, com equipes dedicadas e utilizando geradores próprios. “No entanto é preciso que o abastecimento de energia seja reestabelecido para que os serviços sejam normalizados prontamente”, afirma a entidade na nota.

Internautas cujas baterias de celular ainda resistem postam notícias sobre o drama enfrentado pelos moradores desses municípios. O governo do estado espera que o decreto acelere a liberação de recursos para o gerenciamento da crise causada pela falta de energia. O apagão foi causado por um incêndio que atingiu a subestação de energia elétrica localizada na Zona Norte de Macapá, na terça-feira, 3. O abastecimento foi interrompido nas linhas de transmissão Laranja/Macapá e nas usinas hidrelétricas Coaracy Nunes e Ferreira Gomes e o estado não possui fonte de energia alternativa.

Nos 13 municípios afetados há grandes filas para compra de água potável, visando o consumo e necessidades básicas, e gelo para conservação de alimentos. Supermercados, mercantis e revendas começaram a racionar a venda de produtos e apontar que vários deles já acabaram.

Ao mesmo tempo, filas numerosas de carros e pedestres também se formam nos postos de combustível de Macapá, os poucos que têm geradores próprios. A maior parte dos estabelecimentos também não está ofertando pagamento em cartão, por falta de energia e internet para as máquinas.

*Colaborou Rafael Bucco

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Abnor Gondim

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