Adiamento de sabatina para Anatel vai além do vírus?

A sabatina de Carlos Baigorri para a presidência da Anatel, que seria na próxima semana foi adiada, sem data para nova convocação.
Adiada sabatina de Baigorri no Senado Federal
A razão alegada pelo Senado é o aumento da contaminação do vírus. Crédito: Freepick

O adiamento da sabatina, pelo Senado Federal,  de Carlos Baigorri, que assumiria a presidência da Anatel, e de Artur Coimbra, novo integrante do Conselho Diretor, pode ter mais razões do que a formalmente justificada pela Casa, de que alto índice de contaminação da variante Ômicron teria obrigado ao cancelamento da audiência. Marcada inicialmente para a próxima semana, agora, está sem data para ser realizada.

Continuam fortes os rumores de que o conselheiro Emmanoel Campello não desistiu de galgar o cargo de presidente da agência reguladora. Vale o registro de que Baigorri também quer o cargo e teria se fortalecido junto a interlocutores importantes devido a sua atuação no  Cade, em defesa da venda da Oi Móvel para as três grandes telcos. Embora  dividido, o órgão antitruste referendou a operação. Para Baigorri, a rejeição desta venda provocaria resultados sistêmicos muito grandes em todo o segmento de telecomunicações, e não apenas no mercado de telefonia móvel.

Mas Campello tem o trunfo de ter relatado esse processo de venda, um dos mais complexos, e de seu relatório ter sido aprovado por unanimidade, com apenas um adendo do conselheiro Vicente Aquino. Mesmo que, mais tarde, a agência acabe anulando as reuniões que conduziu, já está posto que a decisão tomada não será revista, e ela estará vinculada ao seu nome.

O adiamento da sabatina, prorrogando a interinidade do superintendente de Fiscalização na presidência da agência por prazo não sabido, causou certa estranheza no mercado. Hoje, nota do colunista Leandro Mazzini, da Isto É, dá conta de que pesos pesados do governo estariam atuando na defesa de Campello para a presidência da Anatel: o presidente do TST, Emmanoel Pereira (seu pai), o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e o lobista  empresário Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos.

Maximiano, que foi denunciado pela CPI da Covid, por ter se envolvido no escândalo da tentativa de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin também tem provedor de internet na cidade de Águas Lindas de Goiás, franqueado da Vivo, e talvez daí venha o seu interesse no caso.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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