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A expansão das redes privadas nos mercados verticais

A política de alocação do espectro de frequência definida em cada país terá influência direta na adoção de redes privadas

Por Renato França*

Conectividade em áreas remotas, automação industrial, Internet das Coisas (IoT), 5G. São inúmeros os desafios a serem superados pela cobertura de rede. Grandes empresas partem agora para viabilizar a integração de seus equipamentos e customizar suas aplicações por meio de uma rede própria, as chamadas redes privadas. Mas, enfim, por que a cada dia conhecemos novos casos de sucesso sobre este tema?

Segundo previsão da International Data Corporation (IDC), em 2025 haverá 41,6 bilhões de dispositivos IoT conectados. Isso inclui veículos autônomos, utensílios domésticos, itens de segurança, sensores para aplicações diversas e qualquer tipo de conexão entre dispositivos. Porém, para que tudo funcione perfeitamente, é necessário um espectro livre de interferência e maior controle nas interrupções dos serviços, o que vai depender da implantação de redes com mais qualidade, eficiência e confiabilidade.

No setor de mineração, por exemplo, esse quadro possibilita a automação da cadeia de produção por meio de veículos autônomos, sensores e monitoramento remoto, o que aumenta a produtividade e reduz o custo operacional, mesmo em minas subterrâneas. Em plataformas de petróleo, viabiliza a comunicação plena em todas as áreas onde é possível a presença humana, garantindo a segurança dos trabalhadores e manutenção dos sistemas críticos em ambientes confinados e de alto risco. Na área de logística esse cenário propicia a comunicação trem-terra ou entre sistemas de sinalização mais eficazes, seguros e sem interrupções, mesmo durante os trajetos onde uma ferrovia percorre o interior de longos túneis. Na saúde, o avanço de procedimentos remotos, automatização, uso da robótica, associados à necessidade de comunicação de pacientes e comunidade hospitalar exige uma infraestrutura adequada de comunicação e acesso. Afinal, o que todos os exemplos têm em comum? São casos que requerem redes de alta confiabilidade, customização de cobertura outdoor e indoor e nem sempre são viabilizados utilizando as redes tradicionais das operadoras de telefonia.

Quando o tema é conectividade indoor, é essencial a execução de um projeto específico, com produtos e serviços de alta qualidade e customizado para cada aplicação, principalmente em casos onde uma determinada rede possa vir a ser compartilhada por empresas ou serviços de comunicação distintos. Cada caso possui particularidades e desafios de engenharia, cobertura de RF e infraestrutura únicos. Por meio de um sistema de antenas distribuídas (DAS) e/ou utilização de cabos irradiantes, torna-se possível garantir a homogeneidade e qualidade do sinal para qualquer tecnologia de acesso sem fio, seja em redes comerciais, privadas ou de missão crítica.

Os chamados mercados verticais (transportes, energia, óleo & gás, mineração e saúde, entre outros) possuem forte potencial para implantação de redes privadas. As aplicações atualmente já são bastante variadas, incluindo desde as tradicionais redes 4G LTE até de serviços de sinalização e satélite, e podem ser desenhadas de acordo com a necessidade de cada empresa. É o universo perfeito para o conceito de solução fim-a-fim. Além disso, dependendo do caso, o investimento em infraestrutura em uma rede privada poderá eventualmente ser compartilhado com redes comerciais ou de radiodifusão, gerando receitas adicionais ao detentor da rede no futuro.

Vale ressaltar que a política de alocação do espectro de frequência definida em cada país terá influência direta na adoção de redes privadas. A Alemanha, por exemplo, reservou parte do espectro do 5G para empresas privadas, o que certamente irá fomentar o uso da tecnologia no país. No Brasil já vemos muitos testes e a preparação para implementação comercial das redes 5G em 3.5GHz. A tecnologia, que permitirá altas taxas de transmissão de dados e baixa latência, irá viabilizar em futuro próximo uma série de novas aplicações e serviços que ainda se encontram no campo de avaliação, o que certamente contribuirá ainda mais para a consolidação das redes privadas no país.

*Renato França é graduado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal do Espírito Santo e Diretor de Vendas e Serviços da RFS para a América Latina

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