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60% a 70% da produção agrícola depende do clima, diz especialista

Apesar da importância da previsão climática para a agricultura, o Brasil não tem políticas de financiamento de estações metereológicas.

Pesquisa realizada pela Coplacana, cooperativa de produtores rurais que atua nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul e reune 10 mil associados, indicou que a lista de prioridades de seus associados é encabeçada pelo clima. Não sem razão. Segundo o metereologista João Castro, gerente de Produto da Agroclima PRO da Climatempo, 60% a 70% da produção agrícola depende do clima.

A importância da previsão climática e do monitoramento da produção foi o tema do painel de encerramento do Agrotic 2019, evento de dois dias que terminou hoje em Piracicaba (SP). Promovido pela Momento Editorial em parceria com a Esalqtec, braço tecnológico da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), e Parque Tecnológico de Piracicaba, o evento discutiu vários aspectos do uso das tecnologias de informação e comunicação para aumento da produtividade e melhoria de processos no campo.

No debate sobre clima, Castro destacou que, apesar do avanço das fontes de amostras para a captação de dados sobre o clima para se fazer as previsões – como estações meteorológicas, radares, satélites e oceanos -, elas ainda são limitadas. Ou seja, se mais pontos fossem cobertos, se mais dados fossem captados e processados, o nível de acerto das previsões seria maior.

Embora a agricultura seja responsável por quase 1/4 do PIB brasileiro, o país não tem política de financiamento de estações meteorológicas para cooperativas agrícolas e produtores rurais. “Esse é um ponto importante”, disse Castro. Outro ponto, levantado por Fábio Marin, professor associada da ESALQ/USP, é a dificuldade de acesso aos dados de determinados institutos do governo, como o Instituto Nacional de Metereologia.

Marin é o criador e coordenador do Sistema TempoCampo da ESALQ, resultado de diversos projetos de pesquisa. Trata-se de uma infraestrutura computacional que reune diversos bancos de dados climáticos para todos os estados brasileiros e avançados modelos calibrados para as condições específicas de cada ambiente de produção. A partir do cruzamento dessas informações é possível antever, como boa dose de precisão, o efeito do clima sobre o desempenho das culturas ao longo da safra.

O TempoCampo foi transformado em um produto para subsidiar o mercado, reduzindo as incertezas e norteando as ações de manejo dos produtores, de acordo com Marin. Os assinantes recebem boletins semanais. O TempoCampo está disponível para as culturas da cana, soja e milho e, na próxima safra, vai cobrir também o algodão.

Compartilhar informações

Ao lado do acesso rápido às informações dos bancos de dados públicos, Guilherme Raucci, head de Sustentabilidade e Novos Negócios da Agrosmart, disse ser muito importante o compartilhamento de informações entre as empresas. “E isso já começa a acontecer”, informou.

A importância do compartilhamento de informações cresce, segundo ele, na medida em que os produtos das empresas tendem a ser comercializados na forma de serviços. “O produtor rural, no caso de um sistema de monitoramento de irrigação por exemplo, não vai mais comprar o pluviômetro, o sensor etc. Vai comprar o serviço com todo o gerenciamento”, exemplificou.

A Agrosmart, há cinco anos no mercado, iniciou suas atividades fazendo manejo de irrigação, mas hoje, a partir de sua plataforma, gera diferentes produtos. Atua em diferentes países e tem 250 mil hectares monitorados.

O compartilhamento de informações precisa chegar também ao produtor rural, defendeu Klever Coral, superintende de Inovação da Coplacana/Avance, pois é ele que vai ter que incorporar os avanços tecnológicos para aumentar a produtividade e reduzir custos. “E este não é um processo fácil nem rápido”, disse, informando que a área de inovação da cooperativa, criada há menos de um ano, traçou um desafiante programa de trabalho.

O desafio será grande para atender à demanda por produção por mais alimentos que deverá acontecer gradualmente até 2025 com o crescimento estimado do PIB indiano, segundo as projeções apresentadas por Fabrício Hertz, presidente da Horus Aeronaves. O aumento da produção agrícola vai depender muito, insistiu, do uso de soluções digitais.

O que a Horus fornece para vários mercados, inclusive para o agronegócio, são drones inteligentes. No caso da agricultura, são quatro as principais áreas de aplicação: manutenção da saúde da cultura, controle de pragas e doenças, taxa variável, ação contra ervas daninhas.

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