5G tem muito a oferecer ao mundo corporativo, diz Embratel

Para o Intervozes, a Anatel falhou na modelagem do edital de licitação e obrigações não vão suprir às desigualdades existentes e para a OAB, há problema com a falta de mão-de-obra.

As operadoras vão cumprir as obrigações impostas pelo edital do 5G, levando a tecnologia para as capitais até junho de 2022, e, paralelamente, vão focar o mundo corporativo, onde a quinta geração de rede móvel pode captar maiores benefícios, afirmou o diretor de Marketing da Embratel, Alexandre Gomes, em seminário do jornal Folha de S. Paulo, realizado nesta quarta-feira, 24.

Gomes disse que serão atendidas não só a manufatura 4.0, agronegócio, mineração, indústria de petróleo e gás, com soluções construídas sob medidas, que dependem de maior capacidade e, muitas vezes, de baixa latência, predicados do 5G. Segundo ele, o ciclo da tecnologia é mais desafiador que os das anteriores e por isso, defende o trabalho conjunto da sociedade, governo e empresas.

Para o vice-presidente da Comissão de TI e Inovação da OAB, Rafael Pistono, há preocupação com a falta de mão-de-obra para a implantação da nova tecnologia, que coloca o ser humano em outro patamar laboral, de leitura de dados e reflexão para criação de novos produtos e serviços. Para ele, a sociedade deve demandar do governo mais capacitação para o trabalhador.

Críticas

A advogada Flávia Lefévre, que participou do segundo painel do seminário representando o Intervozes, disse que as contrapartidas exigidas no leilão do 5G são pouco adequadas aos gaps regionais e ao valor das frequências licitadas. Ela ressaltou que a venda só da frequência de 3,5 GHz, nos Estados Unidos, rendeu mais de R$ 141 bilhões, quase três vezes o valor estabelecido para as obrigações em quatro faixas leiloadas no Brasil.

Segundo Flávia, além dos problemas regionais, 75 milhões de brasileiros, que acessam a internet móvel, não contam com uma conectividade significativa, como defendem os órgãos internacionais. Essas pessoas têm planos normalmente pré-pagos e com franquia de dados de menos de 2 GB por mês. “A UIT [União Internacional de Telecomunicações] considera banda larga móvel somente os planos que usam 4G e que 1,5 mil usuários sejam atendidos por uma antena”, disse.

A advogada disse que em bairros populares de São Paulo, como Tiradentes, são 18 mil usuários por antena e 3,5 mil, na média nacional. Para ela, a Anatel falhou na modelagem do edital do 5G. “Precisava ser mais audaciosa, exigir mais 4G”, avalia.

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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