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5G promete milagres, mas caminho pela frente ainda é longo

O Brasil ainda precisa se preparar para usufruir dos avanços prometidos pelo 5G. Infraestrutura, aplicação e capacitação são problemas
Daniel Wada-Fotografo-Gabriel-Jabur
Daniel Wada-Fotografo-Gabriel-Jabur

O Brasil está preparado para usufruir de todos os benefícios da tecnologia 5G? A pergunta foi respondida com um constrangido, mas enfático não, pelo consultor Davi Wada, sócio da Advisia em sessão do Painel Telebrasil nesta terça, 14.

Para ele, existem três pilares que ainda precisam ser melhorados. O da infraestrutura, que ele acredita ser resolvido rapidamente após a licitação da nova tecnologia; o segundo é o desenvolvimento de aplicações – “não adianta a tecnologia se as empresas e consumidores não virem uso efetivo” nela. E, em terceiro, e mais problemático, a falta de capacitação dos trabalhadores.

Para Wada, o grande desafio mesmo será o preparar a mão de obra. Ele lembra que apesar de o Brasil ter milhões de desempregados a indústria não consegue contratar gente especializada e isso pode gerar um imenso gargalo para o desenvolvimento do 5G no Brasil.

Outro problema levantado pelo consultor é a complexidade tributária no país. Além dos valores das alíquotas, as dificuldades da legislação acabam por ampliar o custo geral do setor produtivo e incentiva o mercado informal. Ele defende que a redução dessas complexidades poderá ter impacto positivo no setor de tecnologia, inclusive ampliando a base de consumidores e atraindo investimentos para as regiões mais desassistidas.

Mas se o Brasil não está preparado, as possibilidades são imensas, de acordo com o CEO da Vivo, Christian Gebara. Ele aponta que em nenhum país existe, ainda, modelo de negócio robusto e consolidado a partir das tecnologias oferecidas pelo 5G. Mas aposta que a construção de novos negócios se dará a partir do aproveitamento da confiabilidade, da disponibilidade e da baixa latência propiciados pelo 5G.

Internet das coisas, uso empresarial, agronegócios, são setores com potencial de crescimento. No agro, por exemplo, existe a promessa de acelerar a produção, diminuir o uso de pesticidas e reduzir o tempo gasto em colheita de uma semana para apenas um dia. De acordo com o CEO da Huawei, Sun Baocheng, dados da Deloitte mostram que o 5G trará mais de R$ 300 bilhões de benefícios ao Brasil em dez anos, com grande potencial para impactar positivamente o PIB do país.

Novos Players

O Conselheiro da Anatel Carlos Baigorri acredita que não haverá atraso no leilão do 5G. Mesmo com o pedido de vista ao processo, feito ontem pelo colega dele, Moisés Queiroz Moreira, ele prevê em outubro ou novembro a licitação será realizada, conforme a intenção do governo. Baigorri falou na mesma mesa que Wada, Gebara e Huawei durante o Painel Brasil 2021.

Baigorri aposta na entrada de novos players no mercado nacional e regional, sobretudo, devido à grande liquidez de recursos no mercado mundial. Com novos competidores, os projetos de investimentos de longo prazo em infraestrutura e serviços de tecnologia deverão ser impulsionados.

Quanto à regulação feita pela Anatel, Baigorri salientou ter perfil liberal, e por isso defende que o papel da agência “não é desenhar” o mercado, mas dar condições para que ele possa se desenvolver. O conselheiro disse também que espera que as novas tecnologias trazidas pelo 5G diminuam as desigualdades regionais, ampliando e melhorando os serviços de conexão ofertados nos municípios menores.

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