5G: Grandes fazem expansão radial. Entrantes cobram acesso aos 700 MHz.

Vivo e TIM fazem a expansão da cobertura do 5G de forma radial, ou seja, partem dos grandes centros para o entorno. Brisanet aposta em rede própria, Unifique em serviços. Winity revê propostas aos entrantes.

As realidades das operadoras de telefonia móvel do país são bem distintas, como ficou claro em evento nesta terça-feira, 18, ocorrido em São Paulo. De um lado, teles tradicionais do segmento planejam expansão radial do 5G a partir dos grandes centros urbanos, tendo de lidar com redes legadas e calcular a migração de clientes antigos para novas tecnologias. De outro, entrantes planejam ocupar seu espaço em direção contrária, do interior para os grandes centros.

Paulo Esperandio, CMO da TIM, falou hoje no evento Teletimetec, do site Teletime, que a empresa já tem 4,5 mil sites instalados em 55 cidades. A estratégia da operadora é cobrir porções significativas das cidades onde inicia a operação de quinta geração.

“Em São Paulo, Rio de Janeiro, temos antenas em 100% dos bairros. Em cidades de 500 mil habitantes ou mais, como Campinas ou outras conurbações, entramos sempre com cobertura significa, de 50% ou mais bairros atendidos”, falou.

O plano, disse, é a expansão radial no entorno dos grandes centros rumo ao interior. “Não vamos para uma cidade colocar uma antena por colocar, mas para ter uma cobertura mínima de qualidade”, afirmou.

Na Vivo, a estratégia de expansão radial é semelhante. “Vamos seguir expandindo a rede de acordo com o perfil da região e dos clientes. Temos fomentado a migração entre os clientes que fazem sentido migrar, conforme o consumo. E vemos assim a adoção do 5G mais acelerada”, contou Maria Claudia Ornellas, diretora de transformação e experiência do cliente da Vivo.

Segundo ela, o plano de investimento é cauteloso para assegurar que uma região tenha a demanda pelo 5G, uma vez que há transferência de aportes. “Quando a gente vai pro 5G em uma área, estamos transferindo ali o investimento que antes era em 4G ou 4,5G. Então analisamos se faz sentido ou é melhor reforçar o 4,5G”, contou.

Os desafios dos entrantes

Já Brisanet, Unifique têm outros desafios em pauta. A primeira, operadora do Nordeste, está construindo sua rede móvel integralmente, utilizando espectro de 3,5 GHz e 2,3 GHz, em 4G e 5G. Começou a ativação comercial, em fase de testes, esta semana, em três cidades.

“Nós vamos lançar primeiro no interior e tomar a direção das pequenas para as grandes cidades. Este ano teremos dezenas de cidades atendidas, em uma experiência para definir melhor o perfil do atendimento que faremos em cidades maiores”, contou o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira.

Jair Francisco, da Unifique, do Sul, foi cauteloso em revelar os planos da companhia. Ele afirmou que em junho haverá o lançamento do 5G em duas cidades, mas não precisou de qual porte. Ele disse que aposta, no entanto, no compartilhamento de infraestrutura, e por isso cobrou flexibilização da Winity, detentora de espectro de 700 MHz, nos contratos propostos. Também disse que as ORPAs de Claro, TIM e Vivo para uso de atacado da telefonia móvel por entrantes está com preço alto.

Uma vez que o foco é usar infraestrutura de terceiros, a empresa está se concentrando no desenvolvimento de software e sistemas para a entrega de serviços diferenciados aos usuários. “Contratamos 50 pessoas só para trabalhar na parte de software ligada ao 5G, no BSS, no OSS”, falou.

“Vamos começar no 5G com planos e serviços com preços mais baixos do que os propostos nas ORPAs. Então estas propostas não podem durar muito tempo. Além disso, precisamos do 700 MHz, mas essa frequência precisa vir com viabilidade econômica”, falou Francisco, a respeito da proposta de atacado da Winity.

Nogueira, da Brisanet, as ofertas feitas pela Winity para compartilhamento da faixa de 700 MHz não são viáveis. “Precisamos de propostas não resultem no fechamento da companhia dali a dois anos”, criticou.

Winity

No evento, Sérgio Bekeierman, CEO da Winity, afirmou que está disposto a negociar com ambas as empresas, inclusive pretende rever propostas para ambas as empresas dentro do processo de “autocomposição” que está transitando na Anatel. “Meu desafio é fazer acordo com o Jair e com o Roberto”, brincou o executivo.

A Winity tem proposta muito diferente à dos demais. Dona de parte da faixa de 700 MHz, a empresa quer oferecer acordos de compartilhamento de espectro e infraestrutura a quaisquer operadoras móveis do país. Por isso negocia com todos, dos pequenos aos grandes. Mas, na Anatel e no Cade, acordo fechado com a Vivo está sob escrutínio.

Independente da conclusão do acordo, Bekeierman diz que a Winity tem condições de atender aos compromissos exigidos pela Anatel para dezembro deste ano, que são de instalação de 450 sites em rodovias e localidades. “Já temos 1,1 mil sites implantados no país. Uma parte destes já está em linha com as obrigações”, contou ao Tele.Síntese. Como a empresa foi construída para implantar 1,2 mil sites por ano, ele vê como maior desafio realmente firmar acordo para compromissos de atendimento, o que depende dos parceiros futuros.

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Rafael Bucco

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