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Anuário TeleSíntese

Com parcerias e novas iniciativas, CPqD segue incentivando o desenvolvimento da tecnologia brasileira

Perante a redução dos recursos de sua tradicional fonte de financiamento público, o Funttel, o CPqD buscou parceria de outras agências de fomento para manter o ritmo de investimento em inovação.

O Tele.Síntese termina aqui a publicação de reportagens sobre as inovações em telecomunicações presentes no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2017. A publicação pode ser lida integralmente online. Além de apontar os rumos do setor, a edição elegeu os serviços mais inovadores do último ano. Leia abaixo o perfil do CPqD, escolhido pelo corpo de jurados Destaque em Tecnologia Nacional pela contribuição e incentivo à pesquisa no setor.

Mais apoio para fazer inovação

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Por Wanise Ferreira

Antes mesmo de a crise econômica brasileira se aprofundar, o CPqD já buscava novos caminhos para garantir o apoio de agentes que investem na inovação como um fator estratégico para as políticas públicas do país. Foi assim que se tornou um dos parceiros da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e emplacou projetos importantes com recursos de fundos de incentivo tanto na área federal quanto em âmbito estadual.

Essa iniciativa, somada aos serviços e produtos oferecidos ao mercado, garantiu fôlego suficiente para que avançasse em áreas como Internet das Coisas (IoT), computação cognitiva, comunicações ópticas, redes de dados, mobilidade, segurança da informação e outras soluções, como o primeiro beacon totalmente nacional. Todos esses esforços têm feito com que ao longo de seus 41 anos tenha tido sucesso em permanecer como uma importante referência no desenvolvimento de tecnologia no país.

“Há muito tempo o CPqD entendeu que o futuro da inovação não pode ficar restrito a recursos públicos e precisa de uma forte atuação das parcerias público-privadas”, comenta Sebastião Sahão Júnior (foto), presidente do centro de pesquisas. Na sua avaliação, o segredo de sucesso para garantir resultados e objetivos não está, necessariamente, na estratégia. “Está na execução dessa estratégia e nas pessoas que a conduzem”, diz.

Pilares

O CPqD estabeleceu quatro pilares como base para sua atuação: sustentabilidade, protagonismo em IoT, parceria com o Estado para levar as melhores soluções de políticas públicas e internacionalização. E, ao que tudo indica, tem obtido sucesso em todas elas.

Mesmo no período mais grave da crise, o CPqD conseguiu expandir tanto o número de projetos quanto a receita. Mas, como grande parte das empresas no país, em ritmo mais lento. “Registramos um faturamento de R$ 242 milhões em 2016 com crescimento de 8% do realizado, bem abaixo da nossa projeção”, afirma o executivo. Para este ano, a expectativa é chegar a dezembro com R$ 266 milhões de receita. Nessa previsão, está embutido um otimismo com a retomada de projetos que vêm sendo adiados em função das instabilidades que o país atravessa.

Na sua estratégia de ampliar a parceria com agências de fomento, a Embrapii se tornou uma grande aliada. São cerca de 20 projetos, sempre ao lado de uma empresa privada. Depois de ser credenciado como uma unidade de comunicação óptica, o CPqD assinou primeiro acordo de cooperação tecnológica em 2014, junto com a Padtec, voltado para evolução dos sistemas de comunicações óptica WDM (Wavelength Division Multiplexing) de alta capacidade.

No ano seguinte, sua atuação passou a envolver projetos de integração entre comunicações ópticas e sem fio. Isso possibilitou a chegada ao mercado brasileiro do primeiro beacon – dispositivo que transmite informações para identificação via Bluetooh – junto com a Taggen. Peça importante no universo IoT, os beacons inicialmente estarão focados em aplicações de rastreabilidade, mas devem ganhar novas versões para integração com sensores para levar mais informações além da localização, como temperatura, altitude, pressão e outros dados.

Parcerias

O CPqD também participa de projetos fomentados por outros fundos – Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) e FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), do MCTIC, e Funtec (Fundo Tecnológico), do BNDES – e agências, como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), além de programas incentivados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Os recursos públicos obtidos para novos projetos representam 30% da receita do CPqD, com o restante correspondendo a produtos e serviços oferecidos ao mercado. No entanto, ganham uma importância no que diz respeito à capacitação do centro de pesquisa. “Somos contratados para um projeto específico, mas usamos esse conhecimento para desenvolver soluções em diversas áreas”, observa Sahão.

A Internet das Coisas tem um papel especial nos projetos do CPqD, merecendo outro prêmio dentro deste Anuário. “Ela é um vetor importante com desdobramentos nas áreas de conectividade, de fibras, e da próxima geração da internet”, ressalta Alberto Paradisi, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento. Nesses desdobramentos estão, inclusive, a computação cognitiva e os recursos de machine learning que poderão trabalhar o grande volume de dados gerados em IoT.

Paradisi conta que a percepção de que a IoT vai exigir um amplo ecossistema foi um dos fatores que reforçou o conceito de inovação aberta com o qual o centro de pesquisas vem trabalhando. E isso também leva a outro ponto, a aproximação com as startups. Desde o ano passado, o CPqD tem procurado estreitar o relacionamento nesse segmento. “Não se trata de uma área fácil, ela é muito pulverizada e com desafios diferentes. Mas é muito interessante”, observa. Já a proposta de internacionalização, por sua vez, está mais ligada a intercâmbios com entidades internacionais para também avançar em soluções inovadoras.

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