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TIM e Vivo deverão liderar estratégia OpenRAN no Brasil

Telefónica faz RFP global, enquanto a TIM poderá ir às compras após comprovar nos testes do Inatel que OpenRAN tem melhor custo benefício que fornecedores atuais

A TIM e a Vivo devem puxar a estratégia OpenRAN no Brasil, avalia Wilson Cardoso, chefe de soluções da Nokia para América Latina. Ele diz que a evolução para o 5G e a maior adoção de IoT podem ser catalizadores para a implementação do OpenRAN no Brasil num período curto de tempo.

No final de setembro, o CEO da TIM, Pietro Labriola, defendeu que as operadoras adotem em massa tecnologias OpenRAN, para contornar um eventual atraso no leilão de 5G. E também para ampliar a quantidade de fornecedores de tecnologia para redes móveis o que pode tornar o país num celeiro de desenvolvimento no padrão.

Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, informa que a operadora vai tomar decisões de compra após avaliar os testes no trial Open Field, em Santa Rita do Sapucaí, anunciado semana passada. Em associação com o Inatel e o Telecom Infra Project (TIP), o projeto visa a criação de um ambiente de campo para testes em redes privadas dentro do campus do Inatel, para que provedores de software e membros dos grupos de trabalho no TIP testem avaliem as soluções em condições mais semelhantes à de uma rede comercial.

“Vamos ativar uma rede OpenRAN com fornecedores de software e de hardware inicialmente para 4G, mas já estão começando a chegar os primeiros produtos 5G. Nossa ideia não é esperar a chegada do 5G para falar de OpenRAN, mas criar um ambiente com outras operadoras, porque, para dar certo, o OpenRAN tem de ter escala. As compras dependerão se vai funcionar, se terá um custo benefício maior dos que os fornecedores atuais e se os novos players terão presença no país. A NEC, por exemplo, tem uma presença forte no Brasil e um case de rede virtualizada com a Rakuten, no Japão, que está começando a evoluir para o OpenRAN”, sinaliza Capdeville.

RFP Global da Telefónica

A Telefónica conduz uma RFP global para contratar sistemas Open RAN para os mercados da Espanha, Inglaterra, Alemanha e Brasil, com previsão de recebimento de propostas no final de outubro. Em setembro, a Telefonica e a Rakuten Mobile assinaram um memorando de entendimento para avaliar e demonstrar a capacidade e viabilidade das arquiteturas OpenRAN.

Enrique Blanco, CTIO da Telefonica, destacou em artigo que a operadora  aderiu ao Telecom Infra Project (TIP) em 2017 e à O-RAN Alliance em 2018, bem como a Open RAN Policy Coalition em 2020. E projeta que até 2025, 50% dos novos investimentos em redes de acesso 4G e 5G devem ser baseados em OpenRAN.

“Também compramos uma participação na Altiostar, empresa que fornece soluções de software RAN que suportam interfaces abertas. Entre este ano e o início do próximo ano, implantaremos pilotos de RAN abertos em nossos principais mercados do Brasil, Alemanha, Espanha e Reino Unido. Nossa intenção é  chegar aos milhares de nós nesses mercados. A ambição é que o RAN aberto atinja até 50% do crescimento do RAN 4G e 5G entre 2022 e 2025”, afirmou Blanco.

Tecnologia nascente

Para Cardoso, da Nokia, não existe redes OpenRAN prontas ainda, pois as especificações estão sendo desenvolvidas. Mas, globalmente, a Rakuten, no Japão está evoluindo para OpenRAN; a AT&T investindo em RIC para melhorar o desempenho da rede de rádio, inclusive com features proprietárias; e a KDDI, também no Japão com fez uma prova de conceito com a Nokia em 2019.

A OpenRAN consiste no uso de padrões abertos nas redes de acesso móveis. Funções e recursos rodam de forma virtualizada sobre servidores comuns, o que amplia a possibilidade de inovação e entrada de novos competidores no concentrado mercado dos fornecedores de redes.

Atualmente com uma posição de “incumbente” compondo, ao lado da Ericsson e a Huawei, o trio de fornecedores que hoje fornece redes de acesso para a telefonia móvel, a Nokia não teme a maior concorrência dos novos entrantes do OpenRAN como a NEC.

“Somos incumbente que gosta de OpenRAN. Além de participarmos da Open RAN Alliance (ORAN), somos o único dos três fabricantes que aderiu a Open RAN Police Coalition. Enquanto a ORAN está mais preocupada em complementar as especificações que existem no 3GPP e no ETSI em telefonia móvel. A Open RAN Police Coalition visa a acelerar a implementação e expandir a cadeia de empresas que podem lançar tecnologias wireless, especialmente o 5G”, distingue Cardoso.

Ele explica que como o 5G terá diversas variantes de implementação, haverá oportunidade de se criar novas topologias e arquiteturas que permitirão uma entrada mais fácil do OpenRAN e o uso de múltiplos vendors.  A Nokia, ressalta, sempre procurou trabalhar com interfaces abertas e destaca o trabalho que fez com a AT&T em torno do RIC (RAN Inteligent Controler), o cérebro do OpenRAN, responsável pela otimização do uso de banda, agregação por portadoras e usos específicos como IoT.

Hoje a estação rádio base é composta pela antena, um amplificador de rádio (RF Unit) e base band Unit (BBU). No 5G, a antena é integrada ao RF Unit e as BBU têm chips proprietários dos fabricantes. A solução da Nokia para OpenRAN é baseada no modelo da ORAN: antena, que pode ou não ser combinada coma RF Unit, o Distributed Unit, a Centralized Unit, o RIC e uma parte de gerencia de rede. “As funções da BBU que hoje estão nas torres no OpenRAN podem ser distribuídas em dois elementos, de forma que na torre haja o mínimo de investimento em termos de processamento que pode ser centralizado para economizar energia e ganhar escala”, diz Cardoso.

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