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Telcomp: “Estudo da Anatel sobre Usina confirma alto risco para a internet”

Para Luiz Henrique Barbosa, da Telcomp, conclusão da Anatel demonstra a gravidade do problema, que expõe o segundo maior hub de cabos submarinos a riscos estruturais

Cabos chegam e parte de Fortaleza, na Praia do Futuro

A Superintendência de Controle de Obrigações da Anatel realizou um novo estudo sobre a construção da Usina de Dessalinização em Fortaleza (CE). E reiterou o que já era largamente conhecido na indústria de telecomunicações, mas vem sendo ignorado pelo governo cearense e pela companhia de águas do estado: que os riscos de instalação da planta na mesma praia de chegada da maioria dos cabos submarinos à América do Sul traz um risco gigantesco à manutenção das telecomunicações no Brasil. Com base nisso, a agência disparou alertas a ministérios sobre o assunto.

Para a Telcomp, entidade setorial que alerta para o problema desde o ano passado, o material é fundamental para acender o sinal vermelho entre as mais altas autoridades brasileiras a respeito da Usina. “Esperamos que este estudo da Anatel repercuta no Ministério da Defesa, no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, uma vez que o governo federal tem por missão defender infraestrutura críticas”, comenta Luiz Henrique Barbosa, presidente executivo da entidade.

Ele afirma que a posição do setor de telecomunicações não é arbitrária. “Não se trata de telecomunicações serem contra a água. Tem um respeito enorme de nossa parte quanto ao projeto da usina, mas não dá para ser naquele terreno por conta dos riscos às telecomunicações do país”, acrescenta.

O presidente da Telcomp lembra que Fortaleza é o segundo maior ponto de concentração de cabos submarinos do mundo, que será exposto a riscos estruturais por causa da Usina. “Esperamos que, com este relatório, fique claro que a usina tem que mudar de lugar. As empresas de telecomunicações estão há mais de 20 anos no Cerará, gerando empregos, recolhendo impostos diretos e indiretos. Se continuar com o projeto, o governador coloca em risco tudo isso”, observa.

O estudo da Anatel

O estudo, ao qual o Tele.Síntese teve acesso, indica que há riscos tanto para os cabos submarinos localizados no mar, como para as estações de chegada na praia e aos data centers instalados na região. Ressalta que a área é o principal ponto de escoamento de tráfego de internet da América do Sul.

O material alerta para a omissão por parte da Cagece com relação aos próprios estudos de sondagem a respeito da obra, que também apontavam riscos, embora subdimensionados. Aliás, o relatório da Anatel indica como a análise da empresa de águas, apesar de ter 1.584 páginas, não traz nenhuma sessão dedicada a analisar os riscos e providências para com as infraestruturas associadas aos cabos submarino, em terra e no mar.

O documento da agência é duro ao apontar que a Cagece tinha a obrigação de garantir a ausência de quaisquer riscos à infraestrutura instaladas, incluindo aí os cabos submersos, os pontos de ancoragem em praia, suas derivações terrestres e as estações de telecomunicações e data centers que processam os dados trafegados.

Ressalta que a construção da usina coloca em risco infraestruturas críticas do país. E decide por “reiterar a oposição à obra de construção da usina nos termos do atual projeto, e a recomendação de alteração de projeto de construção para outro local dentre aquelas opções avaliadas como possíveis à época do Edital”.

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