Satélites, APIs e IA: as tendências em telecomunicações para 2024

Consultoria britânica Juniper Research aponta as tecnologias associadas aos serviços de telecom que devem despontar ou se sobressair no próximo ano
Juniper Research aponta tendências em telecomunicações para 2024
Tecnologias em ascensão, como satélites e IA, estão entre as tendências em telecomunicações para 2024 (crédito: Freepik)

Habilitador de diversas tecnologias, o setor de telecomunicações deve ser impactado por soluções e inovações que estão chegando ao mercado, mudando a forma como as pessoas se comunicam e interagem no espaço digital.

A consultoria britânica Juniper Research divulgou, nesta semana, uma lista de tendências que devem ter influência sobre as atividades das operadoras e dos provedores de internet a partir de 2024.

Segundo a empresa, há cinco tecnologias em destaque, as quais terão consequências significativas sobre o setor já no próximo ano. “Esperamos que as operadoras capitalizem esta eficiência e tomem medidas ousadas para se posicionarem melhor em meio às grandes mudanças tecnológicas e comerciais que estão por vir”, afirma Sam Barker, vice-presidente de Pesquisa de Mercado de Telecomunicações da Juniper Research.

Confira, a seguir, as principais tendências em telecom previstas pela consultoria para 2024.

Satélites em ascensão

Segundo a Juniper Research, os satélites desempenharão um papel crítico no desenvolvimento das redes 5G em 2024, sobretudo por fornecer conectividade em áreas com pouca ou nenhuma cobertura móvel.

“Os benefícios da conectividade baseada em satélite incluem maior cobertura de rede, melhor suporte à infraestrutura de backhaul, aumento da capacidade e rendimento e aumento da resiliência da rede por meio da camada adicional de redundância”, destaca a consultoria.

Além disso, a empresa prevê que haverá mais de 300 mil conexões acessando redes via satélite no ano que vem. América do Norte, Europa Ocidental e China devem representar 80% do tráfego de dados.

APIs abertas

A consultoria ressalta que o preço do SMS aumentou entre 50% e 500% em várias partes do mundo nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, as APIs abertas estão ganhando mais força no universo das telecomunicações, habilitando novos serviços e aplicações.

Vale lembrar que o uso de APIs abertas está na pauta da GSMA, associação global de operadoras, que, inclusive, anunciou os primeiros produtos para o Brasil dentro do projeto Open Gateway nesta semana.

“À medida que as APIs abertas ajudam a integração de aplicativos de terceiros com as redes das operadoras, esse aumento nos preços de SMS levará a uma mudança no cenário de mensagens móveis em 2024, com empresas e desenvolvedores explorando canais de comunicação alternativos por meio de APIs abertas”, aponta a Juniper Research.

IA generativa para bots e marketing

Desde o lançamento do ChatGPT como ferramenta de uso público em novembro do ano passado, a Inteligência Artificial (IA) generativa se tornou a tecnologia emergente mais discutida no mundo. Para a consultoria, modelos de linguagem desse tipo estarão entre as prioridades da indústria de telecom no ano que vem.

Especificamente, a Juniper Research acredita que a IA generativa será incorporada às operações como uma aplicação capaz de melhorar o atendimento ao cliente e fornecer resumos de conversas.

Além disso, a tecnologia deve alterar o modo como campanhas de marketing são realizadas, permitindo que as empresas segmentem os anúncios com base em comportamentos do cliente. A adoção de linguagens personalizadas para cada consumidor também faz parte das capacidades dos modelos.

Dispositivos compatíveis com iSim proliferarão

Para a Juniper Research, os chips iSIM (SIM integrado) vão ganhar escala a partir do próximo ano. Trata-se, em linhas gerais, de um chip integrado diretamente ao processador de um dispositivo móvel. Com isso, smartphones podem se conectar à rede móvel sem a necessidade de comportar um SIM físico ou um eSIM (chip virtual).

Ao longo de 2023, algumas empresas de tecnologia anunciaram os primeiros chips iSIM do mercado. A expectativa é de que, em 2024, dispositivos que usam LPWA (baixo consumo de energia e amplo alcance) puxem o uso desses circuitos integrados.

“Os casos de uso de IoT [Internet das Coisas, na sigla em inglês] são aqueles que mais se beneficiarão com a redução no formato possibilitada pela remoção de um módulo SIM físico”, indica a Juniper, em trecho do relatório de tendências.

Interoperabilidade entre plataformas

Em setembro, a União Europeia (UE) divulgou uma lista de seis empresas consideradas controladoras de acesso (gatekeepers) digitais (Google, Meta, Microsoft, Apple, Amazon e TikTok). Essas companhias precisam se adequar à Lei dos Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês) até março de 2024.

Na prática, para a Juniper Research, isso terá um impacto significativo no que diz respeito à interoperabilidade de terceiros nos ecossistemas das plataformas OTTs.

“A introdução da interoperabilidade terá impactos significativos no mercado mais vasto de mensagens A2P [mensagens automáticas de empresas para pessoas], uma vez que eliminará os constrangimentos da fragmentação no mercado de mensagens empresariais OTT da UE, com as empresas capazes de interagir com os consumidores, independentemente do aplicativo de mensagens OTT usado”, avalia.

Neste caso, há especialistas que indicam que regulações semelhantes à europeia podem ser implementadas em outras partes do mundo, incluindo o Brasil.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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