Oi busca aporte de R$ 3,2 bilhões em novo plano de recuperação

A Oi apresentou à Justiça seu novo plano de recuperação, que será votado por credores. Negociações continuam até início de março, quando se dará a assembleia.

(crédito: Reprodução)

A Oi protocolou nesta terça-feira, junto à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, seu novo Plano de Recuperação Judicial, aprovado pelo Conselho de Administração da companhia. A nova versão do Plano ainda passa por negociações. Será submetida a votação em Assembleia Geral de Credores, prevista para o início de março e, posteriormente, à homologação pelo Juízo da RJ.

Em comunicado, a empresa afirma que espera alcançar a reestruturação de suas dívidas financeiras adequando-as à sua capacidade de pagamento, sem comprometer sua operação e a expansão dos negócios no segmento de fibra óptica.

Entre as propostas, está prevista a captação, via empréstimo prioritário, de até US$ 650 milhões (o que equivale a R$ 3,2 bilhões ao câmbio atual). A companhia também espera poder captar outros recursos, por meio de um aumento eventual de capital, ou da contratação de novas linhas de crédito para o refinanciamento das dívidas.

Em garantia, a Oi oferece a venda da ClientCo (empresa que concentra 4 milhões de clientes de fibra) e da participação da V.tal (empresa de rede neutra). Além disso, o plano prevê a reestruturação dos créditos de fornecedores Take or Pay (contratos com garantia de consumo mínimo), em consonância com as negociações em andamento com empresas de torres e satélites.

“Este novo processo [de recuperação judicial] foi necessário para a equalização das dívidas financeiras, a maior parte delas atrelada à variação cambial. Desta vez, nossa negociação está voltada principalmente para os bondholders, detentores de títulos de ECAs e bancos nacionais, além de fornecedores de contratos Take or Pay. Para estes credores, também é crítico que a Oi tenha a possibilidade de atingir a sustentabilidade”, explicou o conselheiro da empresa, Rodrigo Abreu, ex-CEO da companhia e que permanece à frente das negociações com os credores.

A Oi também divulgou ao mercado as informações econômico financeiras, que foram disponibilizadas aos credores, a partir de acordos de confidencialidade, durante o processo de negociação e que deverá continuar até a data da assembleia.

Estratégia operacional

Para Rodrigo Abreu, o Plano leva em conta o investimento necessário para a operação da companhia e a garantia de sua participação relevante no mercado. Em 2023, a Oi alcançou, até o final do terceiro trimestre, 4 milhões de casas conectadas por fibra óptica, apresentando crescimento anual de receita de 6% com este serviço. A fibra é hoje o principal produto da companhia, representando cerca de 60% da receita da nova Oi (sem contar o legado de telefonia fixa, que dá prejuízo).

A empresa também mudou nos últimos meses sua abordagem comercial. Dentro da estratégia de aumentar a participação da Oi Fibra no mercado nacional, renovou o portfólio, criando alternativas com preços mais baixos, mas lançando também produtos de alto valor.

A estratégia comercial da companhia considera ainda uma política de aquisições de clientes “muito mais rígida”, diz, para evitar aumento da taxa de inadimplência e garantir uma receita sustentável.

No terceiro trimestre de 2023 a companhia registrou prejuízo de R$ 2,83 bilhões. A receita líquida da companhia somou R$ 2,42 bilhões, queda de 12,6%, puxada para baixo pelo encolhimento dos serviços legados. A Oi Fibra, aposta da companhia para o futuro, cresceu 6%, passando a R$ 1,11 bilhão. A Oi Soluções, área corporativa, encolheu 7%, para R$ 693 milhões.

Aqui, a apresentação da companhia ao mercado sobre o assunto.

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Rafael Bucco

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